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A população continua, no essencial, privada de energia, essa trave mestra do progresso, um bem tão precioso quanto a água.

A GANDA E OS PROBLEMAS DA GOVERNAÇÃO



a)  A Terra e a População

A Ganda, é um município situado ao leste do Município de Benguela, distando cerca de 200 quilómetros da sede capital. É um centro de tradição cultural dos ovimbundu em Benguela que se identifica por traços linguístico-culturais dos “vanganda”. Com um território vasto e sua população bem lá assentada na sua humildade, simpatia e trabalhadora. As suas terras são férteis em milho, massambala, massango, jinguba, gergelim, feijão, abóbora, batata-doce, etc.

b)  O Problema dos Problemas da Governação

Administração local tenta com todos os seus meios e recursos, sua força e "sabedoria" colmatar os vários problemas que a população enfrenta. Entre anúncios e pronunciamentos de solução, estratégias assumidas, misturam-se interesses económicos e pessoais na panela de gestão do Município pelo MPLA. As décadas passam, mas tudo permanece na mesma e o mais notório é que a população da Ganda vê a sua terra a caminhar de mal a pior. A radiografia mostra:

1.  Elevados e progressivos níveis de pobreza no seio da população.

2.  A população continua, no essencial, privada de energia, essa trave mestra do progresso, um bem tão precioso quanto a água.

3.  O sistema de saúde, assistência médica e medicamentosa está igualzinho aos anos 80 e 90, tempo de guerra onde muitos morriam sem uma visita médica e sem medicamentos nas unidades sanitárias e de doenças agudas, a diarreia, a tuberculose, a anemia, a malária, etc., que tomam conta das populações cada vez mais vulneráveis.

4.  A perda da memória histórica das tradições do local e da história de Angola mostra a debilidade do sistema educativo em Angola e em particular naquela parcela do território angolano e mostra também as consequências de uma administração ausente. Um Município sem uma biblioteca pública.

5.  A falta de mobilidade social e geracional no seio da população, a exclusão social e política protagonizada pelo sistema e forma de administração que assistimos, com objectivos fortes de criar uma elite e uma classe governativa, por via biológica, constituída por filhos de dirigentes na base de tráfico de influências, remetendo ao apagadíssimo, as intenções políticas de muitos;
6.  A cultura desaparece aos poucos. A falta de incentivos aos agentes culturais provoca cada vez mais a falta de motivação que abandonam os hábitos e os costumes.

7.  Uma intolerância política premiada pelo sistema de administração, excluindo da vida social e política, todos aqueles que não se revêm no partido que sustenta o governo, na pior das hipóteses primando mesmo pelas perseguições que sofrem muitos militantes dos partidos da oposição, sobretudo, os militantes do BD.

8.   Falta de políticas de habitação provoca situação precária dos munícipes da Ganda, muita gente não tem onde morar condignamente.

Este conjunto de problemas, é apenas consequência de um único problema que não possibilita a participação da população na gestão pública, um dos princípios da democracia participativa e que o partido Bloco Democrático – BD defende como princípio de governação. Pensamos que a devolução do poder de participação à população, que moldasse a Administração da Ganda, introduziria factores de solução, naturalmente, não apenas aqui mas em todo país. Isto possibilitaria o dever de prestação de contas que motivaria a transparência da gestão da coisa pública aos administradores, evitando que os dinheiros das praças, casas de venda, boutiques, barracas de ruas, casas nocturnas, passassem para benefícios das comunidades. A essência da resolução do problema, está nas duas palavras-chave bem transcritas no programa de governação do BD: Transparência e Participação. O BD pensa que as Autarquias são formas de administração que permitem a participação na gestão da coisa pública - o povo da Ganda poderia assim definir as prioridades do seu desenvolvimento - e poderia controlar as receitas e despesas do Orçamento da sua região, via transparência, eliminando o enriquecimento ilícito dos dirigentes.

O que temos vindo a observar é que os administradores quase não possuem riqueza antes de serem nomeados, mas depois de um ano são donos da metade das fazendas do município. De onde tiram toda esta riqueza?


Zeferino Kuvingwa N. Pindali – Secretário Provincial do BD

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