SOBREVIVENTE DO 27 DE MAIO LANÇA LIVRO
Lançamento
de “Angola – o 27 de Maio – Memórias de um Sobrevivente”, de José Reis, será no
sábado, dia 27, na casa de Goa, às 17 horas.
Uma peça
essencial para compor o puzzle do 27 de Maio
José Eduardo Reis era um destacado militante do MPLA
quando foi preso no dia 30 de maio de 1977, acusado de ser “fraccionista”. Só
seria libertado dois anos e quatro meses depois, sem nunca ter sido julgado.
Nesse período, esteve preso, foi torturado na cadeia de São Paulo, e depois
internado num campo de trabalhos forçados. Um dia, chegou a cavar a própria
sepultura, sendo salvo in extremis por uma contra-ordem. Amigo
de Sita Valles, as suas memórias são uma peça essencial para compor o puzzle
daquele evento fatídico da história contemporânea de Angola.
Este livro
já era aguardado há muito pelos amigos, outros sobreviventes do 27 de Maio, e pessoas
interessadas na história angolana. a editora é a Nova Vega. A Casa de Goa fica
na Calçada do Livramento, nº 17
Aqui fica um
pequeno extrato, escolhido pelo autor para o Esquerda.net:
«NÃO HAVERÁ
PERDÃO!»
Esta
sentença perversa provocou danos irreparáveis e perenes na sociedade angolana.
O seu autor, ao ditá-la, inscreveu o nome numa das mais sombrias páginas da
história de Angola, pois, ao proclamá-la, deu o mote à violação malvada, uma
ofensa aos direitos humanos, vergonha que assolou o país e da qual ainda hoje
padece. Tinha chegado a hora para mais um acerto de contas e a crueldade que
sobreveio foi um flagelo que perdurou no país por décadas. Agostinho Neto
propalou em voz alta a firme intenção de não perder tempo com julgamentos.
Depois, valeu-se da propensão dos humanos para a selvajaria – Joseph Conrad em
O Coração das Trevas admitiu a alteração comportamental de algumas pessoas
quando as interdições sociais são suspensas – e mandou prender, torturar e
matar os estorvos, fossem eles crianças, jovens, homens ou mulheres. Nem as
grávidas tiveram melhor sorte. Estava-lhes destinada a morte, mesmo que para
tal fosse necessário escondê-las e nesse horrendo cativeiro aguardarem pelo fim
da gestação. Perseguiram-se famílias inteiras como se o parentesco fosse crime.
Esquerda.net
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