A SOLIDÃO DO ANJO
Ser benguelense
não é solo, mas sim, ter sentimento.
Benguela não
tem raças, mas sim benguelenses, tal como os cabo-verdianos… São cabo-verdianos
e ponto final.
Opinar e
discutir ideias são um direito assistido ou plasmado na Constituição Angolana.
Porém, não se deve confundir exercício de cidadania com bajulação ou deturpação
dos factos que falam por si.
Todavia, escrever
ou falar bem e certo… Não é escrever ou falar com palavras difíceis recolhidas
do dicionário, escamoteando os factos e muito menos defender a sua dama em
estado moribundo.
As vezes
algumas opiniões de tão atabalhoadas, que se recusam a ver a realidade, fazem lembrar
um grande livro do falecido Mendes de
Carvalho “O Mestre Tamoda”.
Mesmo em
tempo de vacas magras alguns conseguem retirar o pouco de leite que nelas ainda
existe. Temos como exemplos flagrantes a província do Huambo e do Bié, cujos
governantes conseguiram estabelecer relações saudáveis com as suas respectivas
sociedades civis, e por conseguinte têm apresentado resultados animadores.
Porque não fazer o mesmo exercício no resto do país?
No que toca a
Benguela esta pergunta é mera retórica. Pois, o seu governador já trazia na sua
bagagem um passivo de má gestão, mau relacionamento e mau carácter das
províncias por onde lamentavelmente passou.
O que se
passa em Benguela não é um problema inventado por Benguela. Os huilanos e
namibenses viveram na pele problemas semelhantes. Projectos só mesmo para
inglês ver que nunca tiveram qualquer implementação. E se alguém ganhou com
eles não foram os benguelenses… De certeza!
Muitas vezes
as “comichões” e a ganância pelo
alheio não permitem ver além do nosso horizonte.
À guisa de conclusão,
como modesto contributo, enumeramos alguns projectos dignos de sindicância:
Benguela Sul, Blue ocean, Benguela Costa Nova, Aeroporto, cujos espaços foram retirados
da esfera do Estado e passados para esfera privada sem quaisquer benefícios para
o orçamento, sem citar a lota na Baía-Farta; a fábrica de sumos, no Bocoio e os
prédios no Bairro Navegantes (próximo do pavilhão multiuso – Acácias Rubras),
todos, “em curso”, recorrendo a
investimento público.
Todo o
produto resultante da venda deste património foi canalizado para contas no
Banco de Comércio e Indústria – BCI que foram fechadas por decisão do ministro
das finanças em consequência de uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas.
DE BENGUELA PARA BENGUELA
É dado
adquirido que Benguela já foi politicamente uma praça do MPLA que se estendia
por todo o corredor do Cubal.
Já o Lobito,
por sua vez, embora com algumas ilhas controladas pelo MPLA foi sempre um bastião da UNITA
que se espalhava pelo corredor do
Balombo. Hoje, com toda a confusão política instalada, a UNITA e a CASA-CE
assentaram arraiais naquelas zonas do MPLA.
Após a saída
de Dumilde Rangel, o partido dos
camaradas foi perdendo influência e as guerras internas não cessaram de se agudizar.
Armando da Cruz Neto, substituindo Dumilde Rangel, não sendo um político de raça, conseguiu com muitos
esforços manter o clima latente meio adormecido. Entretanto, com a degradação
social provocada pelo partido da situação, o MPLA, a geografia política do MPLA
foi se complicando. A desastrosa
indicação de Isaac dos Anjos para
Benguela fez despoletar de forma incontrolada e incontornável no seio do MPLA as grandes debilidades e conflitos
de interesses entre todos eles.
Isaac dos Anjos demarcou-se desde a primeira hora,
vestindo somente a camisola do governo, fazendo jus do seu grande faro para
negócios pouco claros, feitos com dinheiros do erário público, os tristemente
célebres “negócios do cabritismo”.
Abandonou o
partido a sua sorte e resolveu “tocar a
solo”. Daí o seu infortúnio. Pois que digam, com honestidade e sem receio, Veríssimo Sapalo, Eduarda Magalhães, Miguel
Maiato, Zacarias Davoka, Octavio Pinto, Frederico de Almeida e tantos outros, quantos municípios e quantos
CAPs (Comité de Acção do Partido), durante aproximadamente os 4 anos de mandato,
visitou
Isaac dos Anjos?
Por ter
perdido o controlo do partido, Isaac dos
Anjos tem vindo a culpabilizar tudo o que mexe a sua volta, nomeadamente a JMPLA, que lhe solicitou ao longo de
todo o seu mandato, em três ocasiões diferentes, audiências sem nunca ter sido
recebida.
A falta de
adesão às suas convocatórias no comício no Lobito, no Bairro do 27, no pavilhão
multiuso Acácias Rubras, reflecte a sua
fraca aceitação e derrocada.
Quanto a
pretensiosa marcha de apoio ao candidato João
Lourenço, cabeça de lista do MPLA às
eleições gerais de 23 Agosto não passou de um “blefe”, de exercício desesperado divulgado pela sua falange.
Última Hora: candidato João
Lourenço, cabeça de lista do MPLA às
eleições gerais de 23 Agosto antecipou para o dia 18 e 19 de Junho, a data da
sua visita à Benguela para constatar “in
loco”, olhar de frente para Isaac
dos Anjos, medir a dimensão de todo o seu rancor, pretensiosismo e
ganância.
Francisco
Rasgado / Babalada
Jornal
ChelaPress
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