O QUE MUDOU EM BENGUELA?
NANDO JORDÃO O HOMEM DA PALAVRA
Nada, na história, muda tão drástica e repentinamente.
Por muito que as pessoas se esforcem, ainda não é com um estalar de dedos que
um desportista de raça, culto e benguelense de Benguela, muda de clube e
naturalidade.
Nem com um estalar de dedos, nem com pressões e
intimidações, envolvendo os seus próprios filhos por incontestável que fosse o
seu resultado.
A história de Fernando
da Trindade Jordão, filho de Manuel
da Trindade Jordão “Ulalá”, um dos 20 filhos de uma das famílias mais tradicionais de Benguela não terminou com
a sua saída do Acadêmica do Lobito, sua indicação para selecionador da equipa
maior do futebol de Angola, passagem pelo Governo da Província de Benguela e
Associação Provincial de Benguela, e, agora membro da F.A.F. - Federação Angolana de Futebol.
Também não terminou com a troca de nacionalidade que
efectuou com o seu querido cunhado António
Ansénio da Silva “Tony Jordão”, natural de Luanda e marido de sua irmã Anabela Jordão.
Tal como nada ficou assente quando pretenderam anular
o seu espaço na província de Benguela, pois, iniciou sim, em Luanda, uma nova era, um novo
casamento com uma mulher nova e também ligada as lides desportivas.
Basta saber deste historial para ser fácil adivinhar
que não é todo esplendor a determinar o que se passará nos anos mais próximos.
Fernando Jordão está fisicamente ligado
a Benguela dos Benguelense - as estradas que o ligam ao mundo passam pelo o
território de Benguela.
Como refere na generalidade dos analistas, o que
parece certo é que o Volta Man-Nando é apenas um passo.
Claro que o futebol não é tudo, como se vê quando
Angola (Luanda, Benguela, Huíla e Cabinda) acorda do pesadelo, e pergunta: Que fazer com estes autênticos elefantes
brancos – os estádios de futebol?
Mas o facto de em 2010 José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola ter tido
tempo para assistir in-loco a obra “desnecessária”
e o acto inaugural do C.A.N, numa
altura em que o governo esbanjava
dinheiro é sintomático.
No fundo, este desporto é o único capaz de provocar a
guerra e selar a paz. O que pode conduzir a revolução urgente, no país. Em
2010, as manias das grandezas de Angola falaram mais alto e organizou-se o C.A.N, contrariando todas as expectativas. Angola concorreu com uma equipa medíocre a
todos os níveis com estrelas (de) cadentes a precisarem de reforma. Até hoje
não se recuperou do desaire.
É tempo de compreender que Angola precisa urgentemente
de se organizar com gentes competentes e responsáveis e não com bajuladores.
Envolver o Estado e a sociedade, criar escolas de formação nas pequenas e
médias categorias, pôr os nacionais capazes e conhecedores a controlar o
futebol no país, obrigar os clubes a formar e a lançar os seus júniores,
insistir na existência de um órgão reitor que regule com seriedade e tranquilidade
as actividades desportivas do país, ou seja, com cabeça, tronco e membros,
criando harmonia, igualdade e respeito entre os intervenientes e agentes
desportivos, sem excepção. Angola tem potencialidades para chegar bem alto. Mas
antes tem de se querer.
Pode crer.
Com uma ligação de amigos e fãs a transbordar pelos
cantos, quer em Benguela, quer no Lobito e Catumbela, Fernando da Trindade Jordão, posiciona-se hoje como um dos melhores
filhos de Benguela. Todavia, Nando
Jordão atingiu a plenitude da sua carreira desportiva depois da deslocação à
cidade de Leipzig, Escola Superior de Cultura Física, na antiga República Democrática Alemã (RDA), para formação de treinador,
tendo conluido com a nota máxima. Foi também nesta escola onde Artur Jorge, treinador português se
formou.
O autor é um jornalista que nasceu e vive em Benguela e
deixa uma série de alertas sobre o que não corre bem em Benguela e na Federação
Angolana de Futebol, com qualidades que, afinal, não são tão invejáveis quanto
seria de supor.
Francisco Rasgado
Jornal ChelaPress
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