Se Manuel Cerveira Pereira acordasse da morte repentinamente, talvez mudasse o nome da cidade que fundou a 17 de Maio de 1617, talvez se surpreendesse com a passividade dos Benguelenses, talvez se lembrasse de Lisboa e dos fados e não quisesse mais voltar, talvez reparasse que estava inutilmente armado e provavelmente talvez preferisse... continuar morto!
Desde há 398 anos que a cidade de S.Filipe existe e certamente nunca foi mais oportuno e necessário falar do seu percurso histórico como incentivo para se assumir a imagem dos seus ancestrais e das suas tradições mais remotas.
Benguela conquistou um ranking social no contexto nacional que assustou quem sempre pensou que Angola era Luanda e Mutamba a capital... Bem se enganaram e se enganam mesmo que subsconscientemente funcionem ousadamente como se Benguela fosse mato.
O Futebol pelo Portugal de Benguela do Miau, Pilas e Jonas, "o velho almirante" e pelo Basquetebol do Sporting de Benguela, campeão da África austral com o COCO "Fançony" ainda aí a resisitir, no tempo dos equívocos raciais, reivindicaram sua indomável personalidade e AUTENTICIDADE quando mesmo os pós-heróis nem tentavam qualquer revolta.
Jogadores desde o Águas, Santana, Miguel Arcanjo, Bira, Malagueta, Rui Jordão e Yaúca divulgaram a cidade e espalharam na então Metrópole o orgulho humilde e popular que representavam.
Hoje nas famílias remanescentes, mas representativas que os "herdeiros de heranças" insistem em vão abafar seu percurso, desde o Domingos Rasgado, "o jornalista subversivo" que desafiou o ditador sem medo e acabou por morrer em consequência dos maus tratos da PIDE, o Manuel Jordão que com a habilidade na escrita defendia os negros que não sabiam ler nem escrever, o Domingos Fastudo, o Luís Cunha, os Limas, os Assis e outras ínclitas famílias que constituiram um alicerce nuclear da cidade que neste espaço não caberiam, mas que estão aí nos seus descendentes aguardando "a corneta" para reclamarem sua parte mais legítima do que esses que desfilam riqueza sem vergonha perante tanta passividade dos mais legítimos, quase esquecidos no quinhão que merecem.
E os BONGOS.... dos "TRINDADES": Quinito, do Marques e do BOTO que ainda fazem a malta chinguilar se tocados na saudade dos que os aplaudiram e aplaudem ainda.
Está aí o ABIAS UKUMA, que na tradição Benguelense é Benguelense porque fez de Benguela sua naturalidade, como o GÓIA, o RUI ARAÚJO e o AREIAS...! Quem nega esse direito outorgado e assumido nos actos e nos seus feitos mais visíveis e mais atrevidos.
Que através dele e sua pintura combata como o primo DÉLIO: pacífico mas não resignado.
Neste 398º aniversário da cidade de Benguela, mãe das cidades:
Bem hajam todos os Benguelenses inconformados: Paz e solidariedade!
por Nando Jordão
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