José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola e chefe máximo do executivo do governo de Angola com todos os poderes conferidos pela constituição atípica, onde todos os ministros são seus delegados, não cessa de surpreender os angolanos de Angola: depois de garantir que 2015 seria um ano perfeito para as famílias angolanas, o presidente resolveu mudar de ideias e, em mensagem de fim do ano, prometeu um ano difícil e exigente. É provável que, nos próximos dias, ou nos próximos meses, o chefe o chefe do executivo angolano volte a mudar de ideias, negando tudo o que disse até ao momento.
As piruetas são perfeitamente compreensíveis: o presidente demitido das suas funções ou não, não faz a mais pálida ideia de como será nos anos subsequentes, nomeadamente o ano 2016, altura das conferências de mandatos e do congresso ordinário e vai atirando ao sabor do vento. Uma ideia, porém, parece recorrente na indiferença política de José Eduardo dos Santos: aconteça o que acontecer ele admite que não será culpado de nada. Pelo contrário: ele está disposto a ajudar as famílias angolanas, os trabalhadores, as empresas pequenas e médias, todas elas falidas pelo sistema. E, mais, foi precisamente a coragem do seu governo que, ao pôr as contas em dia, esvaziando cada vez mais os cofres do Estado, preparou o País para as tormentas que estão a ser vividas pelos os angolanos de Angola.
Entendo que o presidente, chefe do executivo angolano tenha que dizer estas coisas em ano eleitoral. Mas também acredito que, lá no fundo, existirá um mau estar na consciência do presidente que lhe dirá a verdade: o défice foi mascarado a golpe de cosmética; o assalto contumaz ao bolso dos contribuintes foi um travão ao investimento e à criação de emprego; a despesa, essa gordura do Estado, nunca foi sua intenção, por conseguinte não foi atacada com seriedade, o endividamento esmaga-nos e paralisa-nos; a economia angolana, no fundo, nunca esteve preparada para coisa nenhuma porque o governo do M.P.L.A, no poder há mais de trinta anos, sempre soube desperdiçar os mandatos que teve e uma maioria. Ora vejamos: o Estado que não paga a ninguém está exigir que as empresas liquidem os seus impostos. Como? O Estado é o maior comprador de serviços, por conseguinte se não paga os seus servidores, eles também não têm como pagar os seus impostos, assim como, outras obrigações para com terceiros. As empresas angolanas de uma maneira geral estão falidas. O Estado faliu-as. Se não recebem não têm como pagar.
O governo angolano não tem moral para exigir que as empresas façam os pagamentos dos impostos industriais com prazos e multas descabidas.
Que José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola lave as suas mãos no próximo ano, preparação para as eleições de 2017 e prometa caridade aos angolanos de Angola, eis um espectáculo que não redime todos estes anos passados de pobreza e miséria. Apenas os explica.
Francisco Rasgado
Jornal ChelaPress
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