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Grande Entrevista



Uma Entrevista especial com o Comandante Oswaldo Mendes, também conhecido por Comandante 5 Estrela.

Os Assuntos em questão estão relacionados com a aviação comercial em Angola e quiçá no mundo. Há que se definir estratégias e adoptar as medidas que estimulem a valorização e a motivação. Há técnicos angolanos suficientes para atender as necessidades do sector da aviação e também empresas interessadas em investir em Angola.

ChelaPress (CP) - Qual é o estado da aviação civil em Angola?

Oswaldo Mendes (OM) - Antes de mais, cumprimentar os estimados leitores e os angolanos em geral, e desde logo aproveitar para agradecer a gentileza desta iniciativa por parte do jornal Chelapress, sua equipa, e o digno director; Com relação a sua pergunta, entendo desde logo ser bastante pertinente e começaria por afirmar acima de tudo, que se assiste a uma clamorosa lacuna no jornalismo investigativo, diante de sectores de actividade muito específicos, ao que não escapa naturalmente a aviação, que permita de algum modo alimentar a curiosidade e a informação detalhada e em tempo recorrente, por parte da opinião pública. Indo ao mérito da sua questão, e do meu ponto de vista, permite-me afirmar que Nós, somos muito melhores, e daí que,  sem hesitação caberia indicar que na verdade poderíamos  estar muito melhores, apesar de termos registado avanços notáveis... No futuro, importa pois, com isenção apostar na autoridade e supervisão, e igualmente na qualidade e investimento das infraestruturas e dos  serviços sob responsabilidade da Enana, convindo assegurar a oferta de um nível progressivo no desenvolvimento da aviação Civil em Angola.



CP - Em Sua opinião, qual é a cobertura comercial no mercado interno e o impacto nas trocas comerciais e na difusão do conhecimento do país pelos angolanos, nomeadamente a juventude?

OM - Penso que deveríamos ir mais além, no quadro dos benefícios da paz, e uma vez que as estradas do ar(rotas/corredores), não necessitam da reabilitação que conhece a limitação junto do sector rodoviário, e já na posse  dos dados do último senso e sua estatística, caberia sim, apostar mais nas trocas e ligações aéreas, neste tão vasto País, e que no entanto, hoje,  a grande maioria  reconhecidamente não conhece,  sobretudo os mais jovens. Precisamos de debater até  exaustão a estrutura de custos, e proceder a uma  revisão das taxas aeroportuárias e outras decorrentes da actividade, e dos preços dos  combustíveis aplicáveis aos voos domésticos. Precisamos de encorajar e incentivar o turismo interno, numa palavra, ter a nossa Metrópole dentro Angola.
 Para quando que, na dinâmica do crescimento,  venha acontecer, que no último percurso de vôos regulares  nas ligações internas, possa observar-se a pernoite no Moxico , Huambo; Benguela etc..?;  isto implicaria desenvolver as capacidades da TAAG, na resposta técnica e de serviços, e permitir partidas madrugadoras, com vantagens e reflexos na economia e na geração de empregos. Tudo gravita a volta de Luanda, enquanto ponto de partida e de chegada….volvidos 40 anos.

CP - Em sua opinião, qual foi o impacto da gestão da Emirates na reestruturação da TAAG?

OM - Com a relação ao contrato-gestão da Emirates, sempre defendi que deveríamos de algum modo, ter tido maior preocupação com a preparação prévia " trabalhos de casa", "objectivos, metas e informação partilhada junto do colectivo e como tal imbuídos no propósito";  Mas no essencial teve os seus reflexos positivos na restruturação da TAAG.

CP - Fala-se muito da possiblidade dos aviões angolanos voarem no espaço europeu. Acha que há alguma restrição ou apenas na TAAG?

OM - Na verdade este assunto absorve com emoção várias opiniões, embora no essencial importe registar que a TAAG consta na lista B da referida publicação, que implica uma leitura subjacente a limitação implícita, mas não impeditiva.

Angola sim, através dos restantes operadores ou seja toda e qualquer aeronave com matrícula angolana, está proibida de operar no espaço aéreo europeu, e aqui,  urge uma referência, porque poderemos fazer muito mais do que temos feito, pois decididamente teremos capacidade e know-how Nacional; subentenda-se, (angolanos seremos todos quantos válidos e disponÍveis), ainda que, com um rasgo de altivez, ponderemos a acrescida e reconhecida vital contribuição no entendimento eloqüente, de que os quadros  na diáspora, de modo capaz, deveriam igualmente contar, para as soluções de conhecimento e ciência, convindo a superação e o desempenho do País. Restando para tanto, que saibamos aproveitar as sinergias, com iniciativa e no caso vertente, desde que, muito determinados e com manifesta vontade política.

CP Quer adiantar a possibilidade da expansão de vôos  na cobertura de outos destinos da TAAG, nomeadamente   em África e Médio Oriente e possivelmente para América do Norte?

OM - Até por razões históricas e comerciais o mercado natural e de maior potencial, será sem dúvida a Europa. Por outro lado a maior diáspora estará igualmente na Europa, hoje,  acredito tratar- se do Reino Unido, portanto importa desenvolver esforços para resumir as ligações com Londres, Paris e Frankfurt e a seu tempo reconsiderar a reabertura de ligações a China, concretamente na Ásia. Mas importaria lembrar e observar, que no quadro da concorrência, todos os passageiros e personalidades, que viagem a expensas do erário público, deveriam estar obrigados através de normativos, a voar na TAAG, salvo comprovada explicação de conflito de calendário.

CP - Acha que no País, temos potencial e capacidade técnica para gerir a TAAG e  sua  inerente complexidade ou se exige presença de expatriados? Acha que teria sucesso numa gestão exclusivamente angolana?

OM - Hoje na sequência da denúncia unilateral por parte da Emirates e não obstante se legitime  ou não as causas, deveríamos encorajar ao próximo executivo, após a eleição de 23/AGO, por uma aposta inequívoca  por uma administração Nacional, desde logo por todas as razões, e até porque, e como bem sabemos, no País  teremos outras empresas e entidades,  igualmente   de grande ou ainda  maior complexidade, cuja gestão e controlo com normalidade, têm vindo a ser tuteladas e asseguradas por Angolanos... portanto depois de 40 anos esta será de certa forma,  uma falsa questão, ou preconceito que definitivamente teremos que vencer, pois não terá força de razão, mas provavelmente ao assim insistirmos, ganhará unicamente  força de argumento, quanto a noção exclusiva de credibilidade, quando endossada através de ex-patriados. Portanto em poucas palavras, e com o apoio da estrutura, estaríamos seguramente, com mérito, diante do sucesso obrigatório e absoluto.

CP – Fala-se da inexistência de um aeroporto alternante para vôos internacionais no país, poderia comentar?

OM - Falar-se de aeródromo alternante para vôos  internacionais, dentro do espaço nacional é um tema caro aos pilotos, e penso que,  se nos debruçarmos com energia e se  quem de direito der um Murro na mesa, encontraremos respostas, que engrandeçam e prestigiem o país.

CP - Fala-se de alternativas de destinos para vôos internacionais. Pode confirmar ou indicar uma, no espaço territorial angolano?

OM - É uma questão  de índole e rigor de soberania,  e de grande reserva na sua apreciação, mas do meu ponto de vista,  entendo que Angola, diante do seu desenvolvimento, poderia certamente criar condições para ter mais do que um ponto internacional de entrada; refiro-me no caso,  a possibilidade nada descomunal,  de a curto, médio prazo, realizar-se  voos directos à partir  por exemplo,  de Catumbela/Benguela, ou ainda do Lubango.

CP - Com Banza-Congo, patrimônio Mundial e Benguela com as suas exuberâncias, não acha que seria pertinente a criação de um pacote turístico para promover estes destinos, captar o tráfego e incentivar estas ligações, na perspectiva do turismo interno?

OM - Ainda bem que fala de M’Banza-Congo,  pois voei  vezes sem conta, para aquela cidade, ainda nos anos 80/85, no tempo dos Fokker-27. Inicialmente na função de copiloto e a partir de 82, como comandante; Eram outros tempos e com menos apoios da infraestrutura. Hoje com a feliz e destacada elevação á patrimônio mundial, seria importante avaliar estas ligações, também do ponto de vista estratégico, e nesta perspectiva com horários, que assistam a vinda de visitantes/turistas angolanos, que permita regressar após algumas horas, ou logo na manhã do dia seguinte a tempo de voltarem ao trabalho.

 Benguela seria outra grande oportunidade para se  estudar e articular com as autoridades locais,  estabelecendo-se voos e  programas, indo ao encontro da curiosidade e promoção da beleza exótica desses lugares.
CP - O que lhe parece o grau de supervisão da autoridade reitora o INAVIC – Instituto Nacional de Aviação Civil, sobre a actividade e acção junto das operadoras, em particular da TAAG?

OM - Claro está, que com a devida vênia, e no respeito da palavra, teremos de ter coragem, e não unicamente seguir o Road map no sentido da prevalência, ao se  indicar  próximos da tutela, nem sempre eventualmente no plano do conhecimento e desempenho, ao nível do que se reporta, a um órgão da relevância do  INAVIC, ou mesmo da TAAG.


 Quanto a supervisão sobre a TAAG em particular,  bem como á  outros operadores, para além da aludida isenção e liberdade de iniciativa,  teremos pois,  que preferencialmente, e no futuro de ter a hombridade e a preocupação de recrutar sobretudo no quadro da hierarquia, e no âmbito do mérito funcional e dentro do elevado grau de rigor e de capacidade,  pois só assim se consolida com estabilidade, e eficiência, e numa  postura assertiva contra a mediocridade, e a favor do desenvolvimento do país.

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