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FAUNA E FLORA ANGOLANA AO SAQUE


A falta de fiscalização e controlo sobre os caçadores furtivos abre as portas para a devastação das espécies e dá a Angola um prejuízo que só as gerações vindouras saberão.
É caso para dizer que perder a capacidade de se indignar é o mesmo que estar morto ou a caminho da morte... Já não se tem sensibilidade interior.
No futuro nem eu saberei se teremos mais pátria, nem se o simples convívio terá a mesma carga semântica, que signifique reencontro das espécies.
Um dia todos fomos deste mundo, que um dia se chamou Angola com todos os seus habitantes, fauna e flora.
São sinuosos os caminhos do nosso paraíso.
Chegar ao Uíge, norte de Angola, a M’Banza Congo, não é diferente. Viajar de carro, por agora a melhor alternativa, obriga a tactear caminhos. Exalar o cheiro muitas vezes nauseabundo de vários animais abatidos indiscriminadamente. Contemplar estes animais expostos ao sol e à chuva nas bermas das estradas provoca terríveis dores no coração.
Para espanto dos desavisados, o negócio é legal e tem a permissão de todos os governos locais.
Enquanto a solução não vem, a população vai inundando os mercados informais com diversas espécies, muitas delas ameaçadas de extinção e a viverem em áreas desprotegidas.
Não há dificuldade para as carnes de caça em Angola se tornarem fonte de renda para muitas famílias.
O governo há muito tem vindo a prometer fazer um controlo mais rigoroso e fiscalizador à caça indiscriminada da fauna. É urgente fechar a porta da ilegalidade com mais punição, e usar estímulos para abrir a porta do uso sustentável. Do jeito como está, Angola joga todos para clandestinidade, inclusive os fiscais florestais que deviam aprimorar o conhecimento para ajudar no trabalho de preservação.
Estamos sentados sobre um património riquíssimo, mas a falta de regras rígidas impede o uso adequado da nossa biodiversidade.

Campanha de consciencialização e repressão policial são fundamentais, mas não suficientes, porque os caçadores furtivos contam com muitas saídas e com a fragilidade dos acordos e leis nacionais, muitas ainda não regulamentadas. As regiões vulneráveis em Angola são o norte, onde estão seis em cada dez animais em risco, e o interior, “mato”, que foi considerado insubstituível e é o habitat natural de todas as espécies selvagens.

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