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Nota de Abertura

O M.P.L.A COM A CALÇA NA MÃO HESITA PROTEGER SUA CANDIDATA IDALINA CARLOS




Texto: Mário Vicente

O MPLA, por três vezes, não conseguiu fazer passar a sua mensagem, assim como os seus candidatos. Jogou a toalha e admitiu que não poderá continuar com o prejuízo. O candidato do partido perdeu no Lobito, duas vezes em Benguela (O.M.A e J.M.P.L.A) e agora em abraços no Chingoroi com  Idalina Carlos, ex-directora da Reinserção Social e Promoção da Mulher, actualmente administradora do Município do Chingoroi, proposta para 1ª Secretária do partido de Isaac dos Anjos, Veríssimo Sapalo e David Luciano Nahenda.

Idalina Carlos já foi candidata a vice-governadora de Benguela, a 1ª Secretária da O.M.A e finalmente Administradora de um município que bem trabalhado fará história em Benguela.

Há momentos que a história se apresenta muito ingrata. “Morre-se por ter cão, como se pode morrer por não ter cão”.   Por outras palavras ou utilizando outras imagens, “tanto pode ser bom ser fiscal de si próprio como ser fiscalizado”. O melhor seria ser fiscalizado por causa das misturas. De repente não se consegue compreender onde termina uma acção e começa a outra.

No entanto, importa também salientar que existem ambientes políticos e governamentais, onde o verdadeiro é mesmo a acção conjunta. Será o caso de Chingoroi? Vejamos!

Os murmúrios à volta da importância de Idalina Carlos, administradora municipal de Chingoroi, assumir o cargo de 1ª Secretária do M.P.L.A no local, dificilmente vão acabar, apesar dos apelos da liderança do partido na província. Isso porque se tornou sintoma de uma mudança na situação política. Antes dos resultados eleitorais com Idalina Carlos, candidata única, havia impressão geral de que a mesma tinha se tornado numa candidata imbatível. Não é mais assim. Embora as opiniões dissessem que ela tinha poucas chances matemáticas de vitória, a maioria dos analistas acredita que o M.P.L.A e o seu governo ião, em 2017, enfrentar as eleições mais difíceis desde a implementação do multipartidarismo em Angola. Num sinal da mudança de ventos a favor, o Regedor do Chingoroi recomenda aos populares que cumpram o dever tradicional de trabalhar para que, mais uma vez, não seja uma mulher a governar os homens, mas que façam isso devagar, para não desafiar o partido/governo. Com a mesma Isaac dos Anjos deixa claro que fará o possível para preservar a administradora/1ª secretária do partido, pois sem este cargo não terá espaço de manobra para governar Chingoroi. Está tudo armado, caso o processo volte atrás e o seu nome não seja reconduzido, o melhor será demitir-se. O presumível 1º secretário envenenado pelas tradições e na perspectiva de substituir a administradora não vai dar espaço a Idalina Carlos.

A classe política do M.P.L.A, em Benguela, ainda por caminhos diferentes que apontam para a mesma direcção, o poder e nada de povos.

Elogiam Idalina Carlos, mesmo quando poderiam criticá-la. E falam mal de Idalina Carlos quando ela merece ser elogiada.

No fundo, o argumento básico é o mesmo que alimenta um determinado tipo de dirigente político – força nas intenções.

A mais duradoura lição aprendida com o 25 de Abril de 1974 consiste em lembrar que as boas democracias dispensam tutelas que tolhem a vontade da maioria. Se todos os poderes emanam do povo, como diz a constituição, é recomendável que sejam exercidos em seu nome. No país que em 1992 operou uma mudança particularmente dramática, modificar a constituição para permitir o multipartidarismo, não há motivo razoável para se impedir uma troca de candidatos caso aliados e eleitores venham a concluir que é a solução mais adequada para atender à prioridade de todo político: conquistar e permanecer no poder.

Escrita com linhas muito tortas, a eleição tinha um sentido correcto, como ficou claro quando José Eduardo dos Santos não conseguiu no primeiro turno vencer as primeiras eleições realizadas depois da abolição do regime de ditadura, de partido único.

Manter ou substituir um concorrente envolve decisão que deve ser resolvida pelos eleitores, que podem ou não aprovar a escolha dos partidos políticos. Quando Assembleia Nacional, através de um mecanismo montado pela maioria M.P.L.A  concluiu, após 33 anos de poder, que os presidentes não poderiam cumprir mais de dois mandatos de quatro anos sucessivos no cargo, reformou a constituição. Porém, importa lembrar, em 2012, duas lições básicas do universo político. Quando deixam o reino da mitologia para retornar à condição de cidadão comum de carne e osso, os deuses da política podem revelar-se desgraçadamente humanos, fracos e falíveis.

Até agora não se descobriu um caminho para impedir que a parte interessada, que inclui não só um protegido que se tornou presidente eterno, mas também dezenas de ministros, assessores, governadores, administradores do país, se sinta tratado sem deslealdade e mesmo traído.

Esse é o enigma do sempre presente, senhor Presidente.  

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