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TERRAS PODEM PROVOCAR GUERRA NA EBANGA-GANDA

Wiliam Tonet

PRETENSO GENERAL ROUBA
TERRA A CAMPONESES EM BENGUELA

 O que se está a passar é o corolário do que se passou no decorrer das “combinazione” gizadas nas salas arrefecidas dos “palácios”, nos salões capitosos e nos meandros almofadados dos bastidores do Estado. Só pode…não há outra hipótese possível.
Em Benguela, um cidadão que se apresenta por vezes como general, doutor e outras patentes miríficas a alcandorá-lo num fictício patamar, é acusado de liderar um suposto grupo de funcionários do Estado, mais concretamente, agentes do Estado ligados à Agricultura e ao IGCA, para espoliar terras aos camponeses, principalmente, os de mais baixa escolaridade.
O referido cidadão, general-doutor e empresário, chama-se Eliseu Manuel Umba, cuja carta de identificação é partidária, o homenzinho é do MPLA, pese embora na balança do Estado, o seu partido não estar por dentro de tantas falcatruas no caso pendente. Nesta engenhoca de empossamento ilícito, o rapaz conta com o concurso de um chefe de secção da Direcção Provincial da Agricultura de Benguela, conhecido por engenheiro Noé (que inclusivamente se sacrifica e trabalha em tempo de férias quando em causa está a apropriação indevida de terrenos ou falsificação de documentos), isto sem esquecer um outro funcionário do IGCA, conhecido como José Ulika.
Na sua acção, “o grupo usa de todos artifícios mafiosos, não só de falsificação, corrupção, extorsão, ameaças, cárcere privado e até, por vezes, ameaças de morte”, disse ao F8 um agricultor de Benguela, temendo que um dia possa haver retaliação dos camponeses, a começar por ele próprio.
Na presente engenhoca em causa está um terreno de 1150 hectares, situado na localidade de Ebanga, município da Ganda, província de Benguela, pertencente desde 1977 ao autóctone Domingos Manuel. É uma zona florestal com eucaliptos e também propícia para a agricultura.
Como é apetecível, nada melhor do que tentar primeiro aliciar e corromper alguns sobas e membros da administração comunal da Ebanga a fim de abrir alas ao “business”. E, quando o engenheiro Nóe entrou no terreno, ele que estava de férias, foi surripiar os documentos na Ganda e alterar as suas datas, colocando 2012, para atribuir mais de 6500 hectares ao dito general doutor Umba, incluindo (olha a pouca sorte), os 1150 do Domingos Manuel. “Ele nunca viveu aqui, apenas veio com um grupo de bandidos armados e com apoio de polícias, que devem ter recebido uma gasosa, invadiram a fazenda e estão lá, com as armas”, disse um popular, que agora vive com medo de poder ser morto a qualquer momento, “pois este homem quer também as nossas terras e como tem o apoio do Nóe, eles podem mesmo ficar com tudo, porque a administradora, vai sempre nas fazendas com os bandidos”.
Para a prossecução da sua obsessão latifundiária, o muadiê não se coibiu de mostrar toda a força da sua organização ao mobilizar agentes da Polícia Nacional da Ganda para irem ameaçar os camponeses, num caso específico em que este órgão é incompetente, mas serve para dar banga e “demonstrar” de peito erguido e revólver à vista, o carácter tenebroso da organização montada por Eliseu Umba, que inclui alguns militares e agentes que confundem o que é a sua função e transformam os seus actos em exemplos contrários aos das corporações que deviam honrar, agindo como bandoleiros, quando se colocam ao serviço do chefe.
Nesta relação promíscua entre o funcionário público assume-se ao mesmo tempo como assalariado de um privado, na qual o primeiro garante ao segundo a necessária documentação sigilosa e classificada, o que é ilegal, mas como tudo se resume ao facto de Noé e Umba terem sido bons companheiros na JMPLA (Juventude do MPLA), tudo passa, na mais abjecta promisciuidade. Ora, Umba já tem terrenos também assim adquiridos no Culango, mais de 8 mil hectares, também adquiridos com violência. “Há quem diga que lá, no Culango, o homem chegou a mandar matar pessoas, para ficar com os terrenos e quem tratou foi também o Nóe”, disse ao F8, Nkulungi Chuvila, que apela à intervenção do governador Isaac dos Anjos e de outras autoridades, para travarem “esse bandido e ambicioso que quer enriquecer sobre o sangue dos outros”.
No entanto, não se entende como este homem quer ficar com tudo, tirando o tudo do autóctone Domingos Manuel, quando a sua sociedade apenas tem os actuais 1150. Têm, quer dizer tinham, vamos ver se ainda têm…
É justo que quem já tem muita terra continue a ter e quem tem pouco lhe seja retirada a pouca que tem para ficar sem nada, quando existem mais opções?
Que tipo de justiça é esta, na distribuição das terras? 
Neste momento existem homens armados a cercar a empresa florestal de Domingos Manuel, que sempre teve a sua posse, agora retirada com base em homens fortemente armados com armas de guerra. Ora se a terra é dele, para que serve este aparato?
O administrador da Ganda diz nada saber. Eles nunca sabem nada quando o ambiente é candente!
Quanto ao governador Isaac dos Anjos, seguramente que não sabe que está a ser apunhalado pelas costas pelos seus próprios homens. Haka!

A terra é do Povo e o Povo sou eu!

É mais que evidente que o astronómico crescimento económico apregoado pelos sábios do regime JES/MPLA está, por enquanto, a virar para o torto. Cresce a riqueza dos ricos, enquanto entre os populares cresce o desânimo em todo o país e, em alguns casos, o desespero; o fosso entre pobreza e riqueza cresce também, morre-se de fome no Cunene, o regime mata, desaloja gente à força no Mayombe (2013), no Lubango e em Benguela (pela mesma altura e pouco tempo depois), nos bairros periféricos, um deles de Luanda, onde a UGP se fez presente e cercou cidadãos indefesos, que foram maltratados, humilhados e tratados como cães; no Huambo vimos uma milícia afecta ao MPLA a investir contra militantes da UNITA que estavam a preparar um evento importante para o seu partido, agredir violentamente, ferir um punhado de pessoas e matar um dirigente  à pedrada e à paulada nas barbas da Polícia Nacional, que tinha sido posta ao corrente do que se preparava e não mexeu palha, cobriu os criminosos; no Cacuaco foram assassinados dois outros dirigentes do Galo Negro. Testemunhas viram de perto quem estava presente nesse acto criminoso, era um grupo liderado por um oficial superior da PN, perfeitamente identificado, e nada, absolutamente nada foi feito para prender os criminosos, exactamente como se nada se tivesse passado. A nossa história de hoje são factos, que se seguem uns aos outros no “Cavaco”, a Cintura verde de Benguela. Desde há muito tempo que empreendedores de progresso selvagem emigravam para o Cavaco, Ganda e outros pólos de interesse.  

Fazendo um retorno no tempo, em 16-05-2013



O engenheiro agrónomo Fernando Pacheco, mostrou-se preocupado com os projectos imobiliários, que ameaçavam então engolir a Cintura Verde do Cavaco, na província de Benguela. Veio a público na Rádio Nacional (RNA 15/05/13(, denunciar um  problema sério,  advogando que o crescimento das cidades não deve ser feito através da utilização de um dos melhores solos para a prática da agricultura no país.
“O crescimento das cidades não deve ser feito à custa da utilização urbana de alguns dos melhores solos que nós temos no país; desde que se faça um planeamento territorial adequado, nós podemos perfeitamente fazer conviver as duas partes”.
O “melhor solo” a que o engenheiro se referia era, essencialmente, o Cavaco, mas também Ganda e Caimbambo.
Depois deste alerta, Armando da Cruz Neto, numa tentativa de recuperação da sua imagem positiva, que o vinha deixando, tomou uma decisão no sentido de proteger a cintura verde de Benguela no que diz respeito aos seus aspectos ecológicos.
Outras tentativas houve para proteger essa Cintura Verde, mas o que mais proliferou foi um caos organizado e planeado do alto das esferas financeiras, militares, académicas e políticas da Intelligentzia angolana: construção anárquica, condomínios de luxo sem qualquer relação apropriada com o ambiente, colocados muitas vezes em zonas menos aconselháveis e sem soluções para os resíduos nos espaços mais próximos dos condomínios, desestruturação social e humana das pequenas aldeias de pescadores e agricultores junto a esses condomínios e a outras construções anárquicas, problema geral de tratamento de lixos urbanos, enfim, exactamente o que dissemos, um caos.
Ora o que se passa nos dias de hoje é simplesmente o resultado de uma falta evidente de vontade política para proteger o Cavaco, pois dava mais dinheiro destruí-lo!!
*Voltaremos com mais revelações sobre
este grupo violento e ilegal de latifundiários



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