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AS VERDADES DE ISAAC DOS ANJOS



É tempo de se acabar com as mentiras e começar a chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome. Os populismos e as demagogias só servem para confundir e baralhar as pessoas.
O povo é o MPLA e o MPLA é o povo é uma mentira pegada que nunca existiu, e muito menos agora. Todos falam.  Todos concordam. Mas nunca publicamente. Juntos mas nunca misturados. Cada macaco no seu galho.
O grande crime de Isaac dos Anjos foi ter falado num fórum onde estavam centenas de pessoas. Porque se fosse falado em ambiente restrito nunca seria tomado como crime.
O Certo é que Isaac Maria dos Anjos mergulhou fundo numa guerra interna que, além de alguns episódios reprováveis contra os seus subordinados e cidadãos comuns, começa agora a ter consequências concretas junto de correligionários e governantes.
São bem negativas.
De acordo com os últimos acontecimentos e neste caso o plural é relevante, pois já é mais do que uma projecção a confirmar a tendência – os benguelenses estão a pagar caro a instabilidade. Continuam a ficar cada vez mais indiferentes e dão os primeiros sinais de estarem vulneráveis ao que durante muito tempo parecia impensável: se os benguelenses fossem a voto hoje o MPLA perderia ainda muito mais deputados.
Melhor alerta em véspera do final do ano, o Isaac dos Anjos, governador da província de Benguela não podia ter. Quando fechado em si próprio, Isaac dos Anjos ainda não tem certeza absoluta de que vai conseguir evitar que muitos membros do poder central se intrometam no seu modelo de governação, os benguelenses mostram que vai ser preciso mais do que ideias soltas e muitos perdões para a recuperação positiva da sua imagem. “Quem com fogo mata com fogo morre”.
Em Benguela, os mais optimistas sublinham que as mudanças de governantes ainda estão distantes e que todas as conjecturas a volta de Isaac dos Anjos, pouco, ou nada, interessam.
Pode até ser, mas entregar o destino de Benguela ao tempo parece demasiado arriscado.
Sobretudo, porque nada garante que permaneçam as condições psicológicas para Isaac dos Anjos, prosseguir com o seu exercício, depois do perdão público, mesmo assim sem humildade, na sequência da reunião do dia 2 de Dezembro e suas consequências.
Será que doravante Isaac dos Anjos está condenado a viver em sobressaltos? Claro que não.
A medida que se vai conhecendo a real amplitude do problema e se esfuma no espaço daquele que, ainda em Agosto passado, em Benguela, era exaltado por José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola como o maior governador de Angola, em termos de exercício governamental, confirma-se que estamos ainda no prefácio deste pesadelo. Como é que a realidade pública de Isaac dos Anjos, pelo menos, mudou tanto e em tão pouco tempo é o que falta ainda perceber.
Como é que Isaac dos Anjos foi tão longe? Como é que arriscou tanto?
Arrogância? Prepotência? Irresponsabilidade? Ganância? Inimputabilidade? Tudo parece pouco para sustentar a tão negra realidade de Isaac dos Anjos. Se estava certo da sua comunicação, por que razão não sustentou? Isaac dos Anjos não disse nenhuma inverdade.
Não foi nada sensato pedir desculpa, de uma forma humilhante perante a Nação. O que a Nação esperava era o Isaac dos Anjos como ele é, no seu melhor, com a apresentação de um pedido de demissão. O poder é bom. Obriga-nos a fazer coisas que até Deus duvida.

Francisco Rasgado 

Um comentário:

  1. Não é que Isaac dos Anjos não tenha razão. Tem-na com certeza. Já que, dada a seriedade e complexidade da matéria sobre ocupação de terras, o seu estudo e discussão seria restrito à: sociólogos, engenheiros, economistas, arquitectos, teólogos e outros mais. Nunca, meus senhores, por e, com "uma aliança operário-camponesa".

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