A PROCURA DE VIDA NO
PLANETA ERRADO
N’ ZUMBI: LÚCIDO,
TRANSPARENTE E VERTICAL
Desde o início da corrida ao poder, a província de Benguela
tem sido um dos locais mais concorridos e apetecidos pelos partidos políticos.
Isso se deve, em grande parte, à expectativa de que a província sustenta uma forma
de vida em Angola.
No entanto, desde que Benguela foi oferecida de bandeja ao M.P.L.A. pelos nacionalistas, pelos
jovens estudantes e funcionários públicos que equivocadamente lutavam na
clandestinidade contra a administração colonial. E que, sobretudo depois do 27 de Maio de 1977, nunca mais
conseguiram encontrar as pessoas certas para Benguela, erraram sempre e vai continuar
obstinadamente a errar. Por conseguinte, vão pagar muito caro, com derrotas
pesadas nas futuras eleições. As críticas à destruição de Benguela, com
dirigentes incompetentes, acumuladores de fortunas ilícitas e, bajuladores vêm
de dentro do próprio M.P.L.A.. Em 2017, ganhe quem ganhar as eleições, o resultado será mais baixo
que em relação à de 2012, e talvez até negativo.
O M.P.L.A. está que
nem a Tereza Baptista cansada de tantas guerras, com falta de norte, procurando
sempre no planeta errado os líderes para Benguela.
Benguela deve ser vista e constituída pela sua história, a principal
prioridade de qualquer governo, seja ele de direita ou de mais a direita. Benguela
é um autêntico laboratório científico.
Matias Lima Coelho, general de três estrelas foi um
caso de sucesso na guerra fratricida que assolou Angola desde 1975 até 2002.
Escrever que tudo nele é grande é tão óbvio que esta frase
devia desaparecer. E, no entanto, não há afirmação mais factual e rigorosa. Das
suas dimensões físicas, mais de 90kg, à sua falta de preguiça, está em todas e com
todos, passando pela grandiosa e bem-sucedida carreira militar acabando na
família: casou uma vez, há muito que é solteiro maior, tem 12 filhos e 16
netos. Tudo isto seria pouco se fossem só números. Mas não.
Inscrito na história de Angola como homem lúcido,
transparente e vertical. Nasceu em Benguela, filho de criação de Esperança Lima Coelho, fez os seus
estudos em Benguela, começou por ser radiotécnico, teve mais tarde, ainda muito
jovem, uma boite denominada de Bonga, no bairro Benfica. Teve uma juventude
muito viva e participativa. Meados de 70 serviu o exército colonial. Depois do
25 de Abril de 1974, uma paixão repentina e arrebatadora levá-lo-ia para as F.A.P.L.A., no C.I.R. – Centro de Instrução Revolucionaria, “Sangue do Povo” na Gabela, com a função de instrutor militar e
posteriormente instrutor político e militar no C.I.R “Resistência Popular”
em Luanda e, pouco tempo depois enviado como comandante de esquadrão e
companhia para diversas frentes militares. À medida que a guerra fratricida foi
progredindo, com a sua participação em vários palcos militares (de Cabinda ao
Cunene), com vários cursos militares pelo meio, o seu conhecimento
técnico-militar foi aumentando até que atingiu nos anos 90 o grau de general.
É difícil ficar-lhe indiferente.
Matias Lima Coelho, também conhecido por “Leão”, não tem
descanso, sempre que o general abre a boca, o mundo entra em rebuliço. Porquê?
A julgar por certa imprensa, que faz gala à sua própria coerência e
competência. Muito do que conseguiu foi por mérito próprio, mas muita da sua
projecção resultou da sua participação em 1975 nas guerras, no norte do país,
contra o exército zairense e os mercenários, sua presença em 1982 /1986 na
guerra da Cahama - Cunene contra o exército sul-africano e, por último, em 2002,
à frente do Comando da Frente Leste, que culminou com a morte de Jonas Malheiro Sidónio Savimbi, um
estadista por excelência e líder carismático da U.N.I.T.A. e, subsequentemente o fim da guerra.
Matias Lima Coelho “General N’Zumbi” conseguiu em pouco tempo crescer bastante
politicamente, conseguiu implantação na região centro e sul de Angola, com uma
organização pessoal, quer a nível civil, quer a nível militar que cobre
praticamente todo o país.
O General N’zumbi é o general mais carismático de
Benguela. Goza de muita credibilidade, simpatia e admiração no seio dos
benguelenses, ou seja, é o ídolo e o orgulho dos benguelenses em toda a sua
plenitude. General N’ Zumbi: lúcido, transparente e vertical.
Francisco Rasgado
Jornal ChelaPress
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