“ENTERRAR OS MORTOS E CUIDAR DOS VIVOS”
MARQUES DE POMBAL, 1755
Se as eleições presidenciais fossem hoje, com um sistema
semi-presidencialista, José Eduardo do
Santos teria o pior resultado de todos os tempos. Em Benguela, segundo
pesquisas, 80% dos eleitores do MPLA não votariam em José Eduardo dos Santos.
Vítima do seu próprio partido e do seu próprio governo. A cama de José Eduardo
dos Santos está a ser feita pela sua própria “entourage”. Estão a afastá-lo,
cada vez mais, de Angola e dos angolanos de Angola.
Passado que está o prazo, é suposto
que José Eduardo dos Santos,
presidente da República de Angola, tenha já dado como facto consumado e, nada
mais há a fazer quanto à tragédia que se abateu, no último mês de Março, sobre a
cidade do Lobito e posteriormente sobre Benguela cidade capital da Província de
Benguela.
Criam-se então, mas só para “inglês
ver”, comissões de apoio e de acompanhamento, e esqueceram-se, naturalmente, de
criar, uma comissão para produzir um relatório que reflectisse as causas, os
prejuízos humanos e materiais, os imprudentes, os irresponsáveis responsáveis
pela mortandade e as medidas a serem tomadas pelo Estado.
Porém, os angolanos de Angola,
atentos por tudo quanto têm vindo a acompanhar, mais a mais, com exemplos em
anteriores comissões, admitem muito pouca crença, ou seja, não acreditam no
final, na produção de um documento sério. Que final! A tragédia já esta
negociada, enterrada, esquecida e, agora ludibriada.
Cabe lembrar, às tragédias, duas
lições básicas do universo político. Quando deixam o mundo da mitologia para
retornar à condição de seres comuns, os especiais da política podem revelar-se
desgraçadamente humanos, fracos e falíveis.
O preço não contabilizado “da falta de sensibilidade, de uma nota de solidariedade, de um
pronunciamento obrigatório do presidente da República e da sua visita à cidade
do Lobito, “seria” não permitir a visita
de Denis Sassu N'guesso, presidente do Congo à população do Lobito”.
Denis Sassu N’guesso presidente do Congo veio à Angola fazer campanha. É
certo que o presidente do Congo tem no seu país, nos próximos tempos, as
eleições às portas. Por conseguinte, conciliou a constatação de oportunidade de
negócios com a visita e entrega de uma doação à população do Lobito, vítima da
tragédia que matou dezenas de pessoas. A avalanche de criticas, ao presidente
da República de Angola, com uma repercussão sem precedentes, o resultado,
ofuscou a sua imagem de chefe de Estado, e deixou a nú a sua demissão em
relação aos problemas do país.
Também é bem verdade que, se o
presidente da República tivesse vindo ao Lobito, passado o tempo que passou,
juntamente com o presidente do Congo, teria sido, na certa, vaiado e humilhado
pela população. Pois já tinha perdido a sua oportunidade. Preferiu em detrimento
do seu suposto povo, deslocar-se outrossim, à vizinha Namíbia, para com aquele povo
vizinho, festejar os 25 anos de independência, espezinhamento em absoluto deste povo,
a quem deve a sua reeleição.
Agora, depois deste duro golpe
contra si próprio, resta saber para qual dos lados o presidente da República
caminhará.
Francisco Rasgado
Jornal ChelaPress
Já não entendo mais nada...
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