BENGUELA
O FIM DE UMA GRANDE CIDADE.
SERÁ?
“Não foi nesta Benguela que nasci
e cresci! Não é esta Angola sem qualidade, completamente endividada e falida
que quero para os meus filhos e netos”.
O poder, está no partido da
situação, que não quer mudar, mesmo sabendo que sem estratégia Angola não
vencerá os bloqueios, já que a inexperiência dos governantes que se arrasta há
já quase 40 anos, em nada ajuda.
Pois, é na política e nos
partidos que encontramos os culpados pela falta de rumo do País.
Angola precisa urgentemente de
superar o atraso nacional: democratização dos partidos, debate dos problemas
nacionais, definição de uma estratégia no espaço da África Austral, reforma do
Estado, do ensino, da saúde, da justiça e, uma separação entre o poder político
e os poderes económicos.
Aquando do “25
de Abril de 1974”, tínhamos o ideal da criação de partidos livres. Quando
foram criados aproveitaram esse clima para concentrarem o poder político. Isso
permitiu a tomada do poder por um dos movimentos pela independência que se serviu
a si próprio.
Existe uma democracia só de fachada, que não é real. Os
membros do governo são escolhidos por pequenos grupos, que colocam o interesse
do “partido da situação” acima dos interesses do País. O País está como está por
causa do MPLA. E, agora como acabar?
Existem duas maneiras: através de uma revolução feita por grupos sociais, ou
por cima, através de uma implosão do sistema, feita pelo próprio partido da
situação. A probabilidade maior é a de que apareça um líder no interior do MPLA que conduza à mudança de cima para
baixo. Não faltam pessoas com visão, mas o partido no poder não vai dar-lhes
poder.
O poder passa pelo Partido/Estado dominante. Mas para
se mudar tem que se ter poder. O centro do poder está no MPLA, que não quer
mudar. O sistema está bloqueado. Há um outro bloqueio, que é estratégico. O
governo do MPLA faz navegação à
vista, sem uma visão a dez ou vinte anos. E há um terceiro bloqueio que é o da
incompreensão do funcionamento do mundo global. Mas os governantes angolanos
têm pouca experiência do mundo, para além das inúmeras viagens de trabalho e de
férias que possam ter feito. Não conseguem ver com olhos de ver...
Pode acontecer em Angola o mesmo que nos outros países,
em que os ministros – funcionários públicos, deputados são responsabilizados
pelos seus crimes? Claro que sim.
Perante questões sensíveis, como soberania, as leis do
trabalho já não podem dizer que votaram sim
ou não porque o MPLA os mandou. Se for levado à pratica, isto tem repercussões tão
grandes que os outros partidos não podem recusar-se a fazer o mesmo.
Porém, como contrariar? Reclamar. Fazer barulho.
Resistir, não pela via das armas, mas pacificamente. Podemos aceitar algumas
coisas, mas há muitas outras em revelação, às quais temos de saber dizer “não” e, os governantes, não percebem
que saber dizer “não” é a marca dos
estadistas.
Como não existe em Angola um partido, com um líder que
demonstre que pode mudar, não votarei em 2017, tal como tenho vindo a fazer até
hoje. Custa-me dizer isto, porque vivi mais de metade da minha vida com o sonho
de votar em eleições livres e democráticas. Finalmente a democracia em Angola
está refém do MPLA.
Todavia, não mexo um dedo para provocar uma revolução,
pois já fiz a minha revolução, em 1975, mas também não mexeria um dedo para
parar uma revolução. Acredito que sejam coisas legitimas para as novas
gerações.
Francisco Rasgado
Jornal ChelaPress
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