O M.P.L.A. – MILITANTES EM
DEBANDADA
AS QUATRO PRIORIDADES DO M.P.L.A.
ATÉ 2017
Caso raro, raríssimo: O executivo
de José Eduardo dos Santos colocou Angola no meio de um maremoto político,
económico, financeiro e social e, o M.P.L.A. desnorteado sem saber como
preparar-se para o pior. O saco azul vai ter que ser muito maior que nas
eleições passadas para fazer face a nova parada.
A visão é de que ruído dessa
natureza nunca faz bem a quem se encontra no governo durante uma campanha
eleitoral. Por essa razão, o M.P.L.A. fará o possível para mascarar o máximo possível o processo ou, se não houver jeito,
atrasar a sua realização ao máximo tal como tem vindo a fazer com o processo autárquico.
O M.P.L.A.,
partido no poder há mais de 39 anos, calcula que a sua maioria eleitoral nas
eleições de 2017 depende do governo ultrapassar quatro obstáculos até a corrida
às urnas. As grandes prioridades não incluem nem a U.N.I.T.A que está a crescer
de forma alarmante, nem as ramificações perigosas (no bom sentido), do
carismático Abel Chiwukuwuku,
coadjuvado pelos irmãos Mendes de
Carvalho e Wiliam Tonet com o
mundo político universitário-estudantil.
A preocupação envolve assuntos que atingem o eleitor, diretamente. O maior de todos os riscos é a falência das pequenas e médias empresas por ausência de pagamentos por parte do governo: as O.S - Ordens de Saque que em tempos idos significavam dinheiro, hoje são apenas papéis com valor a longo prazo e quando não são pagas, são muitas vezes remetidas para Dívida Pública. Aí o negócio é outro.
O segundo é uma
alta nos preços que desvaloriza os salários e gera mau humor.
A terceira são
as enxurradas e tragédias com o sistema das chuvas longe da normalidade, as
principais vítimas envolvem eleitores de regiões que apoiam o M.P.L.A desde as eleições de 2008.
O quarto é o descaminho do Fundo Soberano e outros dinheiros do Banco Nacional de Angola, para acudir supostas crises financeiras e
calamidades.
Convencido de que o eleitor sabe separar a fome e a
miséria das urnas, a preocupação do M.P.L.A
é de mais uma vez, à semelhança das três eleições passadas, enganar o
eleitor com distribuição de dinheiros, carros, organização de espectáculos
culturais (muito kuduro e cerveja com
força para alienação da juventude – Bento Kangamba e os seus muchachos em
prontidão de serviço), manifestações políticas, permissão de construções de
moradias nas zonas de risco, criar um estado de permissibilidade total.
Todavia, em Benguela, acuado pelas denúncias que o
cercam, o M.P.L.A tem vindo a receber,
todos os dias, sinais e apelos dos militantes para que Amaro Segunda no Lobito e tantos outros renunciassem os seus cargos
e mandatos, mesmo para não criarem embaraços com as acumulações primitivas de
capital que naturalmente fizeram ao longo dos anos de poder. Seria, na visão destes militantes adultos e
urbanos, uma tentativa de não contaminar a candidatura de Isaac dos Anjos nas próximas conferências de renovação de mandatos,
assim como não contribuir ainda mais para o estado degradado e impróprio para
consumo do M.P.L.A., em geral. O M.P.L.A. se nega a atender aos pedidos
dos seus militantes. Assim sendo, não haverá votos em 2017, sobretudo em
Benguela.
Francisco Rasgado
Jornal ChelaPress
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