REFUNDAÇÃO DO MPLA
A guerra pelo poder no partido da situação já está em curso. Com Veríssimo
Sapalo, 2º secretário do M.P.L.A., em Benguela e com Eduarda Magalhães, chefe
da auditoria e disciplina do M.P.L.A., talvez.
Benguela, uma
província rebelde, que rodeada de uma áurea de mistério, já não é mais um feudo
do M.P.L.A.
Benguela é Benguela e como sempre é a primeira
em tudo. Benguela dará inicio à degradação do M.P.L.A, mergulhará numa luta intestinal, de que já se sente o
fervilhar, com os barões a posicionarem-se.
A maioria
absoluta do M.P.L.A em número de
eleitos, mas já não em número de votos, com uma acentuada queda face aos
resultados anteriores, correspondem ao expectável à evolução lógica da situação
em Angola.
A verdade,
porém, é que o tempo da irresponsabilidade e da total impunidade do M.P.L.A e seu governo finalmente
esgotou-se.
O MPLA
partido da situação na província de Benguela já só se salva com uma refundação.
Com este lema, os militantes descontentes, sob a liderança de Isaac dos Anjos, 1º secretario do MPLA
na província, vão tentar redefinir, em 2016, na conferência de renovação de
mandatos, o poder nos órgãos de gestão do MPLA. Tentarão, porque o consenso não
se adivinha fácil e na constelação de actuais militantes há interesses muito
divergentes.
Uma coisa é
certa: Veríssimo Sapalo não deverá
fazer parte desse futuro e, mesmo que este venha a incluir Eduarda Magalhães, será com uma posição quase decorativa e mesmo
assim transitória, apenas por ser mulher, protegida de Joana Lina e ter sido líder dos seguidores de Damião Silianda, 2º secretario do M.P.L.A., no governo de João
Lourenço, que representava a linhagem da Ganda.
A necessidade
de encontrar uma solução e a realização da conferência de mandatos previstas
para o próximo ano dão ao Isaac dos
Anjos a esperança de conseguir encontrar um novo modelo de gestão para o
partido e subsequente localização de novos militantes, provavelmente mais
urbanos.
A acumulação
de vários cargos por alguns militantes no partido, governo ou empresas públicas
e na Assembleia Nacional – levou ao seu esvaziamento e fez com que a guerra
siga dentro dos próximos tempos. Mas deixou claro que, embora possa ser atribuída
a Isaac dos Anjos uma victória política,
o 1º secretário do MPLA emergirá com mais poder e terá a última palavra sobre o
futuro do partido. Não será difícil para Isaac
dos Anjos, perante a apatia e indiferença dos militantes e descartado que
está Victor Moita, uma carta fora do
baralho, conseguir uma retumbante victória sobre Veríssimo Sapalo, Eduarda
Magalhães, Zacarias Davoca e
Nahenda.
“Estamos se “borrifando” completamente para o partido e “cagando” bem do
alto, para os militantes desatentos”.
Não há
trabalho político no M.P.L.A.. O M.P.L.A. está completamente
descaracterizado. Ninguém mais quer ser utilizado. Todos andam a procura do
mesmo – material. Todos querem negociar o seu voto, a sua militância activa por
dinheiro, cargo no governo ou no Conselho de Administração das empresas
públicas. E, para isto, Isaac dos Anjos
vai precisar de muito jogo de cintura e capacidade de descortinar os melhores
num universo de milhares de descontentes e no limiar da saturação. Mas, quando
se fala em futuro, a posição do M.P.L.A
liderado por Isaac dos Anjos é a de
aguardar para ver.
A U.N.I.T.A e a F.N.L.A. tentaram fazer as suas respectivas refundações. Não
conseguiram, também por culpa e grandes responsabilidades para o M.P.L.A. Agora chegou a vez do M.P.L.A, no seu todo de Cabinda ao
Cunene fazer a sua refundação. Será? Os militantes estão capazes e terão espaço
e coragem política para fazê-la?
Francisco
Rasgado
Jornal
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