POR TRÁS DAS MASCARAS ENTRE A MORTE E A DOR, O CAOS É TOTAL
As vítimas das chuvas no Lobito não querem solidariedade em jeito de
esmolas, mas sim, medidas concretas e definitivas, assim como querem ver os
culpados responsabilizados e penalizados. Interessante e realista o discurso do
dia 18 de Março do ano em curso de Isaac dos Anjos, governador de Benguela,
sobre esta matéria.
Frequentemente,
um acontecimento com a dimensão do que assistimos nos dias 11 e 12 de Março de
2015 no Lobito, revela aspectos da vida colectiva que, apesar de importantes,
permanecem submersos na consciência dos cidadãos e na opinião pública. A
tragédia que se abateu sobre a periferia do Lobito é um desses acontecimentos.
Através dele revelaram-se, entre outras, as questões da legitimidade das lutas
sociais-greves e manifestações, da influência dos interesses financeiros, do
papel do Estado nos conflitos sociais e da construção social da perigosidade de
certos grupos sociais.
A vontade da
população do Lobito de lutar pelos seus interesses, despontada com a tragédia
do Lobito surpreendeu Angola e o mundo. E,
promete sair à rua, manifestar-se contra o administrador municipal, pedindo a sua exoneração imediata.
Uma semana
depois de constatada a tragédia o poder político permanece sem estratégia e
organização, e envereda pelos caminhos dos paliativos e diversões.
Todavia, a
linha divisória entre duas Angolas, tem de ser urgentemente apagada e, os
políticos e governantes terão que se render ao apelo de uma geração de
angolanos de Angola que clamam por competência, criatividade e inovação.
Soluções pioneiras de engenharia social e novos modelos de condução política,
facilmente serão aplicados em toda extensão territorial. Angola, com aproximadamente
24 milhões de habitantes, está a transformar-se num laboratório político. Este
é o momento certo, porque nos últimos 14 anos, nunca os angolanos de Angola,
estiveram tão disponíveis para aceitar mudanças. Mesmo que ousadas. Angola
dispõe de alternativas ao pessimismo. A grandeza demográfica e territorial de
Angola privilegiam oportunidades económicas e ambições políticas. É um poço de
oportunidades.
A crise
actual toca num aspecto da nossa vida que, aparentemente, nada tem a ver com ela:
o sentimento de identidade. Até agora as populações vivem recolhidas em si
próprias, protegendo-se contra os embates de um poder instituído há mais de 38
anos, representado pelo MPLA, que não pára de humilhar, agredir e invadir os
angolanos de Angola.
Apesar das
perdas, aqui e alí, de soberania humana e material, o ganho de uma nova consciência nacional contra o poder político instituído, no
decorrer da tragédia, sentido como largamente positivo pelo povo de Benguela e
em particular do Lobito.
O Lobito foi
abalado pela calamidade, para além da irresponsabilidade, da insensibilidade e
da ignorância de Amaro Segunda,
administrador do município do Lobito em primeira instância, do governo da
província de Benguela e do governo central e suas políticas derrotistas.
Porém, a
ameaça total que pesa sobre as vidas dos angolanos de Angola, sobre as suas
famílias, sobre o emprego, sobre a educação, sobre a saúde, para não falar no
espectro da falência do Estado angolano, obriga os angolanos de Angola a
descobrir o caminho das greves e das manifestações. Ser angolano não protege.
Onde estava José Eduardo dos Santos, presidente da
República de Angola aquando do acontecimento trágico no Lobito? Perante tal
acontecimento, onde morreram dezenas e dezenas de cidadãos, muitos
desaparecidos e centenas de desalojados, não trouxe pessoalmente a sua
solidariedade, porquê? Não discursou a Nação, porquê? Pela tragédia
perfeitamente evitável, não responsabilizou nem apontou o dedo a ninguém,
porquê? O contrário
seria um gesto nobre e de um chefe de Estado.
O que está a chegar
à Benguela como ajuda de solidariedade pelas mãos da AJAPRAZ, Bento Kangamba,
Bento Bento e tantos outros, como consequência da tragédia, é tudo mentira.
É uma autêntica palhaçada. Eles só estão a dar o que já receberam e vão voltar
a receber. É do povo angolano, não deles.
Estão a fazer campanha do MPLA. Estão a fazer aproveitamento político a favor
do MPLA. Tudo vai acabar nos próximos dois a quatro meses para começar tudo
novamente. Tudo vai voltar a posição inicial, desta feita, com as populações em
tendas (sem divisórias) escondidas e esquecidas nas reservas indígenas criadas
a 25 km do centro do Lobito, longe dos seus habitats de origem, dos seus
familiares e mercado de trabalho. Certamente teremos novamente os morros
ocupados como se nada tivesse antes acontecido. Porque não as centralidades?
Decretar dois
dias de tolerância de ponto para os vinculados ao Estado nas cidades de Lobito
e Benguela para limpeza das instituições do Estado no Lobito e outros espaços inundados,
é uma autêntica falta de sensatez. A isso chama-se exploração, aproveitamento do
sentimento de solidariedade, do medo e da ignorância da sociedade. Por favor,
não chamem a isso solidariedade. Com o dinheiro do Fundo Soberano, aproveitem
para “brilhar nas pequeninas” mobilizar pagando os desempregados que polulam
por aí e que são aos milhares, para fazerem serviços, que afinal querem de borla.
Francisco Rasgado
Jornal ChelaPress
Sim eu sempre disse e digo k nao se pode se aproveitar o sofrimento dos que sofrem para se parecer como gente boa enquanto deveriamos traçar progetos defetivas para que a manha nao volte a contecer situaçoes identicos
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=X9t1bjU1Db4
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