PAZ E LONGEVIDADE PARA JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS
OS ÓRFÃOS DE DOS SANTOS, AINDA NÃO DESARMARAM!
“O método para a gestão da transição da liderança, inspirado num
processo de corrida de estafetas: Agostinho Neto – independência nacional, José
Eduardo dos Santos – paz (fim da guerra) e reconciliação nacional e João Lourenço – desenvolvimento e
prosperidade de Angola”. Palavras de José
Eduardo dos Santos, em carta datada de 21 de Outubro de 2016.
Angola é
indiscutivelmente, potencial e proporcionalmente, um dos países mais ricos do
mundo. Muitos países são ricos por terem petróleo, matéria-prima, outros,
agricultura e pouco mais, mas Angola é rica porque tem tudo isto e muito mais.
Contra tudo e
todos, Angola vai sair com “sapless” do estado
de penúria em que se encontra, resultado de muitos anos de má gestão, niilismo,
corrupção e apadrinhamento.
Nada de
perder tempo com o passado. Nada de “cabalar”
o passado, espartilhar as fortunas ilícitas adquiridas no quadro da “Acumulação Primitiva de Capital”, encorajar sim… o retorno das mesmas
para alimentação da economia angolana, rumo ao desenvolvimento e a
prosperidade. Reflectir sobre o passado é condição “sine-qua-non” para perspectivar
um futuro melhor para Angola.
O sistema
português era muito atrasado, diferente das restantes potências coloniais,
nomeadamente: a inglesa, francesa, holandesa, espanhola, alemã e italiana. Tão
atrasado que acabou por muito atrasar para melhor as colónias, particularmente
Angola. As colónias portuguesas tornaram-se num produto mal elaborado, mas, no
final e no geral, muito bem acabado. Porém, Angola é diferente, ou seja, todos
os países são diferentes, mas Angola é igualmente diferente de todos. O atrasado
sistema político do colonizador português, as lutas pelo poder (as matanças no
seio do MPLA, FNLA e UNITA) e os 42 anos
de guerra fratricida dividiu juntando os angolanos, fazendo de Angola um país
diferente no contexto das nações africanas.
É a
compreensão de ver uma Angola partida em diversas agendas egoístas e
divergentes, incapaz de afirmar globalmente uma linha de actuação colectiva que
coloque o angolano no centro da política. É a compreensão de ver uma Angola incapaz
de escapar a lógica global da competitividade que coloca em segundo lugar os
angolanos e tendência a tornar tudo igual aqui ou acolá. E se uma tal
compreensão não for colectiva, então esta já não é, seguramente, aquela Angola
dos angolanos de Angola.
No meio da
crescente degradação que se instalou em Angola em toda sua extensão, que
assusta sobremaneira, os angolanos e o mundo, e vai abrindo caminho a todos os
cenários extremistas e populistas – os angolanos de Angola fazem a diferença.
Porém, é dado
adquirido que os novos ventos de mudança ajudem João Lourenço, Bornito de Sousa do MPLA, Isaías Samakuva da UNITA, Abel
Chivukuvuku da CASA-CE, Justino
Pinto de Andrade e Filomeno Viera
Lopes do Bloco Democrático e tantos outros políticos a
redescobrirem o que tem de especial Angola. No entanto, neste processo que
Angola iniciou, e que vai ainda apenas ao começo, encontre espaço para o que Angola
tem de diferente e seja positivamente preservado. Todavia, as alternativas são
duas e ambas demasiadamente boas para serem consideradas: a primeira é Angola
escapar para frente, e a segunda é passar a ser diferente de qualquer outro
lugar do mundo actual, sobretudo de África. Mas são também boas para os outros
povos e países, porque é aqui, nesta Angola, que ainda se encontra inspiração
para um mundo melhor.
De todas as
formas, fica a satisfação e o registo, junto, de ver José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola até as
próximas eleições, Agosto ou Setembro de 2017, merecidamente descansado. Ele é,
apesar de todos os descaminhos de Angola nos últimos 38 anos, também a figura
que determinou a mudança no seio do MPLA e subsequentemente no País, que vale a
pena memorizar e salvaguardar. Porconseguinte, a paz e o descanso de José Eduardo dos Santos e a sua família,
deve ser legislada. Paz, descanso e reconhecimento de Holden Roberto, fundador e 1º presidente da FNLA. Paz, descanso e
reconhecimento de Jonas Malheiro Savimbi, fundador e 1º presidente da UNITA.
Paz, descanso e reconhecimento de Fulupinga
Lando Victor, fundador e 1º presidente do PDP-ANA, figura carismática da
oposição angolana. Por muita fundada razão, é a compreensão de quem sabe olhar,
com olhos de ver, o que passou e se passa noutros países e não se deve permitir,
que aconteça em Angola, já a seguir. Terá de ser a compreensão de quem olha para
angola e vê angolanos de Angola amargurados, sofredores a tornarem-se cada vez
mais diferentes em relação aos outros povos, e já o exemplo que outros devem
seguir. É bom que sirva, também, de inspiração para acordar vontades e para
inverter caminhos.
Transição sem violência, o povo de Angola quer paz. Aí reside a sua
diferença.
Francisco Rasgado / Chico Babalada
Jornal ChelaPress
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