BENGUELA
TERRA ONDE OS DESAVISADOS ACABAM
O PODER ESTÁ AUSENTE
Falências, dívidas, incumprimentos, incapacidades, desemprego,
indiferença, congelamento de todos os processos de concessão de direito de
superfície, arrogância e ironia.
Os benguelenses há muito não viviam tempos tão confusos e dramáticos.
Porque as incertezas dos governadores que por Benguela passaram, nomeadamente
Kundy Payhama e outros, juntam-se a autodestruição do MPLA. Porém, muitos deles
estão obstinados em tripular o barco do MPLA até ao fundo do oceano e, rejeitam
qualquer alteração na sua estratégia política. Maior incentivo ao fim do MPLA
não podiam dar.
Benguela, tal
como Angola toda, está condenada a viver em sobressaltos por muito tempo. À
medida que se vai conhecendo a real amplitude do problema e se esfuma em
Benguela o valor daquele que, ainda no ano passado era anunciado nos media como
o mais inteligente e competente governador provincial, em termos de projectos
activos, confirma-se que estamos ainda no prefácio deste pesadelo.
Como é que a
realidade de Benguela com todas as tragédias, falta de dinheiro e cepticismo
total, mudou tanto e tão pouco tempo, é o que falta perceber. E quando
soubermos isso, talvez possamos compreender, nada de leve, o que até agora
permanece indecifrável: como é que Isaac
dos Anjos, governador de Benguela foi tão longe, anulando os benguelenses?
Como é que arriscou tanto, ao ponto de excluir os benguelenses do exercício
colectivo da província? Como destruiu a organização, a obra de uma vida dos
benguelenses em menos de nada? Com que direito apelida os benguelenses de
candongueiros de terrenos ao ponto de não reconhecer, assim como, não assinar
os processos de pedido de concessão de superfície dos benguelenses? Como é que
nenhum cidadão ou membro do executivo conseguiu chamar Isaac dos Anjos a razão? Teimosia? Irresponsabilidade? Ganância?
Inimputabilidade? Tudo parece pouco para sustentar a tão negra realidade da
província de Benguela.
O jornal ChelaPress tem, de há muito tempo,
chamado a atenção para vários dos aspectos da crise que se abate sobre
Benguela, que se agrava com o tempo e sem medidas tomadas naquilo a que se
chama os tempos piores. Na certa, os anos seguintes ainda vão ser piores, se
nada for feito pelo governo central. Todavia, a medida que a crise avança as
condições de vida do povo vão piorando, sem que se aviste uma luz no fundo do
túnel. O embandeirar em arco sempre que
o preço do barril de petróleo subisse, deixou de ser possível, por se avizinhar
tempos difíceis para o negócio do crude.
Para muitos
milhares de angolanos e em particular benguelenses, o ano de 2015 é o ano mais
trágico da sua vida. Só encontram algum reflexo disso nas noticias divulgadas
pelos jornais privados.
Não há
mentira mais abjecta do que “produzir
mais para distribuir melhor”, apenas porque alguns números desgarrados
da economia, que nem sequer chegam para fazer uma série consistente, pioraram substancialmente com a
suposta queda do preço do petróleo.
Neste
contexto, que o Isaac dos Anjos nunca
compreendeu bem, a organização, não conseguiu atrair nem renovar com coerência,
nem fileiras, nem apoiantes indispensáveis para o sucesso do seu exercício.
Foram estas
circunstâncias adicionadas à celebre reunião das terras, com todo o poder e
mais os sobas, orientada por Bornito de
Sousa, ministro da Administração do Território, um homem tecnocrata,
inteligente e discreto, coadjuvado por Carlos
Feijó e, onde Issac dos Anjos cometeu a suposta “calinada”, marcaram o
começo do fim de Issac dos Anjos,
que não está a saber com inteligência dar a volta ao “bilhar”. Não faz sentido que, governantes como Bornito de Sousa, um dos maiores e mais
admirados políticos do MPLA e Isaac do
Anjos estarem de costas viradas e com ódio de morte. Por estas razões e
outras mais, Isaac dos Anjos não dá
a cara, não apresenta propostas públicas para debelar a crise, demonstrando
como quase sempre, uma total ausência de ideias. Não comunica, não mobiliza,
optando por viver fechado no seu ostracismo político.
No entanto,
importa aqui salientar o desespero de Isaac
dos Anjos face à falta de uma mão enérgica de José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola,
quanto aos abusos de Amaro Segunda, admnistrador do
município do Lobito, apoiado por Manuel
Vicente vice-presidente de Angola e Bornito
de Sousa, visto hoje como adversário de Isaac dos Anjos, tem vindo a fragmentar as relações sociais e
políticas na província de Benguela.
Isaac dos Anjos tem vindo a perder espaço,
autoridade e capacidade de governar Benguela, também por culpa de um grupo de
personalidades ligadas ao poder central. Deixem-no, depois de tudo, governar
livremente, sem limitações e com total autoridade.
O que é que hoje
sustenta o Isaac dos Anjos? José Eduardo dos Santos, presidente da
Republica de Angola. Ora o efeito de José
Eduardo dos Santos sobre Isaac dos
Anjos é mortífero. Criou um embrião de partidocracia, cada vez mais ínfimo
que por sua vez amplifica as divergências porque os lugares são escassos ou
ameaçam tornar-se ainda mais escassos. E gera aquilo que o venenoso Lenine
chamava a “cretinização do sistema”. Os
tribunos são bons e o Isaac dos Anjos a
perdê-los cada vez mais. Assim, como acabará Isaac dos Anjos?
Então, lupuka Isaac
dos Anjos, que ainda és o nosso governador.
Francisco
Rasgado
Jornal
ChelaPress