A HISTÓRIA DE BENGUELA E OS ÓDIOS DO M.P.L.A.
Benguela é, e será sempre uma província em ascensão à todos os níveis:
político, económico, cultural, social e imprensa privada. Assim confirma a
história.
Uma história de rebeldia e de progressos constantes que, tem exatamente
a sua idade. 398 anos. Ou seja, desde os primórdios da denominação colonial,
vai mais uma vez enfrentar a pressão e os desconfortos do Poder Central, dominada há mais de 39 anos pelo M.P.L.A. Não se
vai subordinar, mas sim resistir, enquanto permanecer toda esta falta de visão
de Nação e a corrupção como forma de governação.
Benguela não é para o M.P.L.A um pivô estável e próspero na região
centro e sul de Angola. É a segunda metrópole de Angola, com os maiores
factores económicos do país e, tem uma forte capacidade intelectual e política.
Com os impasses existentes e incapacidades de purificação no seio do partido da
situação, a chegada à Benguela, de Isaac dos Anjos como governador da província,
a falência financeira e económica do país, o desaparecimento do Fundo Soberano,
proveniente da diferença do preço do petróleo, os conflitos sociais (impedimentos
de manifestações pacíficas e reuniões previstas na Constituição, mortes e
prisões arbitrárias), Benguela tem estado a emergir como um potencial opositor
ao M.P.L.A central. Uma vez que o M.P.L.A/Benguela, pela sua firmeza, é
observado como estado a fazer oposição ao próprio M.P.L.A, que exercendo o seu
poder intelectual, urbano e político, vai determinar em 2017 as intenções de
voto. Esta tendência vai acelerar nos próximos meses.
Hoje, é dado adquirido que o M.P.L.A está a desestruturar-se a olhos nus
e de forma a deixar bem clara a existência no seu seio de três classes: os
militantes convictos, que estão em via de extinção; os militantes oportunistas
de última carruagem; e por último, os militantes que estão no M.P.L.A. apenas
por uma questão de sobrevivência.
Ora vejamos,
em Benguela nos anos de 1974 e 1975 até 1977, marcado pelo 27 de Maio do mesmo
ano, a revolução foi feita por gente benguelense e urbana, que deu o melhor de
si e contribuiu substancialmente para a consolidação do MPLA como movimento
aparentemente capaz de levar o país à bom porto.
Após o 27 de
Maio de 1977, mortos e dispensados os verdadeiros e legítimos filhos de Benguela
(os grandes ganhadores da revolução) nomeadamente, as famílias de referência de
Benguela, os angolanos cultos, presos
políticos de referência do tempo colonial, funcionários públicos, jovens
estudantes envolvidos na luta clandestina, o M.P.L.A concluiu o seu
maquiavélico projecto que visou colocar no
controlo do poder político e do aparelho do Estado elementos rurais,
desprovidos de qualquer ideologia e sentido de urbanidade. E assim iniciou o
seu descalabro até aos dias de hoje.
Benguela nunca
mais teve dirigentes de referência. O ruralismo tomou de assalto o poder e
marginalizou literalmente e legalmente tudo que fosse urbano.
Benguela,
neste processo de degradação do M.P.L.A,
foi a província, embora segunda metrópole do país, mais sacrificada e
prejudicada em termos de exercícios quer partidário quer governamental. Os
técnicos foram mortos, outros obrigados a imigrar e, ainda temos os que se
mudaram para Luanda por uma questão de sobrevivência e defesa da sua
integridade física.
É tão
evidente que foi abandonada à sua sorte com tudo de mau e tenebroso existente, quer do
ponto de vista de dirigentes, quer do ponto de vista de políticas, foi jogado
para Benguela. Em todas as províncias, o M.P.L.A.
potencializou alguns empresários, mas Benguela, como sempre, ficou de fora.
Criou noutras províncias: Bento Kangamba,
o falecido Valentim Amões e António Mosquito, Huambo; Santos
Bikuku, Lunda; Tulumba, Huíla; Armindo César, Luanda; Paulino dos Santos (Semba
Comunicações), Bento Raimundo, substituto
da reinserção social; Chimuco (Chicoil),
Cuando Cubango; Santos Capunga, Malanje
e
tantos outros, que nada fizeram para criar empregos nem riquezas. Nunca
quiseram que Benguela urbana tivesse um único empresário de referência, assim
como nas estruturas centrais do partido, do governo e no parlamento. Porquê
tanto ódio? Porquê tanta ignorância? O resultado teremos nas eleições de 2017,
onde é dado como certo a derrota do M.P.L.A.
Em Benguela os favoritos são: C.A.S.A- C.E, Bloco Democrático e a U.N.I.T.A,
que estão a trabalhar “a todo gás”,
aproveitando-se das lutas intestinais no seio do M.P.L.A.
Até hoje nada
prestou, talvez com uma ou outra excepção, tudo porque os dirigentes que por lá
passaram nunca conheceram Benguela e a sua história, nunca tiveram ligações com
Benguela e suas gentes e, por último, nunca foram nem nunca serão urbanos. Benguela é tudo e muito mais!
Francisco
Rasgado
Jornal
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