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OS HERDEIROS DE SAVIMBI



OS HERDEIROS DE SAVIMBI

POR UMA OPOSIÇÃO FORTE… QUE GANHE O MELHOR!


Francisco Rasgado / Chico Babalada

Jornal ChelaPress


A quantidade, nem sempre faz a democracia, mas, sim, a qualidade.

Muitas vezes só serve mesmo, para criar confusões.

Em pouco tempo a diferença política, tanto no seio da UNITA como na relação com o MPLA, partido no poder, há 44 anos, fez com que, a UNITA liderada por Isaías Samakuva, diminuísse o tom de oposição em relação ao MPLA de José Eduardo dos Santos e agora, de João Lourenço. Outrossim, é urgente animar o ambiente político angolano sacudindo a UNITA, o maior partido da oposição. A UNITA, depois da morte de Jonas Malheiro Savimbi, líder incontestável, apresentou-se órfã, sempre bastante comedida e frouxa, quer nas eleições, assim como nas abordagens das fraudes brutais levadas a cabo pelo MPLA, com alguns avanços e muitos recuos, em termos políticos.

Todavia, nos próximos dias, já quarta-feira, a UNITA realiza entre o dia 13 à 15 de Novembro de 2019, o seu XIII Congresso Ordinário, à ter lugar em Luanda, com  todos os candidatos, delegados e convidados de diversas latitudes.



O XIII Congresso da UNITA, a eleição do substituto de Isaías Samakuva, vai ocorrer numa altura, em que ambos (MPLA e UNITA), sabem que o MPLA, está a atravessar um momento de fragilidade e o seu governo de crises constantes de afirmação política e sócio-económica.

Este Congresso vai mudar radicalmente o mapa político da UNITA, se quiser impor-se como uma verdadeira força política. Mas, será obra do vencedor e dos perdedores saídos deste conclave. Caso contrário, corre o risco de ver, mais uma vez, a UNITA a desmembrar-se. Quase que arriscaria dizer, que o papel dos perdedores será tão importante como o do vencedor. Voltarão a unir a UNITA, dissolvendo os grupos de eleitores vencedores e perdedores.  De qualquer forma, caberá ao próximo presidente, decidir o que fazer com esta “espada”, incluindo mudar um pouco para que tudo fique na mesma.

Adalberto da Costa Júnior e José Pedro Catchiungo fazem a oposição que os críticos de Isaías Samakuva, queriam que ele fizesse, quer no conteúdo, quer no estilo. Preveêm-se abordagens e discussões agitadas e truculentas, no congresso de 13 à 15 de Novembro de 2019. À mesa do Congresso da UNITA estão cinco propostas para votação: a do Adalberto da Costa Júnior, a do Alcides Sakala, a do José Pedro Catchiungo, a do Abílio Kamalata Numa e a do Raúl Danda. Porém, o Paulo Lukamba Gato, um dos meninos bonitos de Jonas Malheiro Savimbi, desta vez, inteligentemente, ficou de fora.   Qual das cinco propostas é a mais viável, com pernas para andar? E de que lado estão os filhos de Savimbi? Será com o Samakuva e Sakala? Já lá vão os tempos da UNITA profunda, do só o ruralismo. Os tempos são outros e de brigas políticas, na opinião de elementos influentes da UNITA.     

Tal como Isaías Samakuva, Alcides Sakala é a aposta do MPLA – por um ambiente menos acutilante, mais flexível e manobrável. O primeiro, ainda, soube tirar alguns proveitos, quanto ao segundo… Só Deus saberá!

     Respaldado por um grande partido, o segundo maior de Angola, a seguir ao MPLA, e com o apoio de “velhas raposas” políticas do quilate de José Samuel Chiwale, Ernesto Mulato, Eugénio Ngolo “Manuvakola”, Mártires Correia Victor, Isaías Chitombi, Demóstenes Chilingutila e Jardo Muekália, o candidato à presidência da UNITA, Adalberto da Costa Júnior vem conseguindo, de forma genial, destacar-se nas articulações públicas e de bastidores, no seio da UNITA e junto de milhares de militantes discordantes do MPLA. Caso o Adalberto vença, as restantes candidaturas da UNITA e transforme-se em candidato natural à presidência de Angola, todos os descontentes do MPLA, estarão com a UNITA. Na campanha para a sua eleição, ao lugar maior da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, tem se mostrado incansável, na luta pelo voto, á favor das mudanças. Seu empenho, sobretudo, no Parlamento, já lhe valeu reconhecimento nacional e internacional. Embora ainda seja de opinião, que o Adalberto, devia amadurecer um pouco mais a sua candidatura. Pois é, o tempo não espera… Mais tarde, também pode ser tarde demais!

O importante é estar de bem com a vida, apesar das dificuldades de caixa e outros falsos problemas, levantados, á sua volta pelos seus dectratores, nomeadamente da própria UNITA e do MPLA. O MPLA tem plena consciência que uma vitória de Adalberto da Costa Júnior, no pleito que se avizinha no interior da UNITA, o cenário político angolano muda drasticamente, favorecendo a política real. O MPLA, não vê com bom olhos uma eventual  vitória de Adalberto da Costa Júnior e tudo fará, para que isso não aconteça, utilizando todos os meios disponíveis de corrupção e de suborno, junto de elementos influentes da UNITA. Assim, acabaram com a FNLA de Hordem Roberto, o PRD de Luís dos Passos e outras mais iniciativas políticas.     

POR UMA OPOSIÇÃO FORTE, QUE GANHE O MELHOR!        


JOÃO LOURENÇO COM O FUTURO CADA VEZ MAIS NUBLADO



 JOÃO LOURENÇO COM O FUTURO CADA VEZ MAIS NUBLADO


Por: Francisco Rasgado / Chico Babalada
Jornal ChelaPress

João Lourenço, não se preparou para ser presidente de Angola, por conseguinte, desavisadamente, tem vindo a criar condições, para ser engolido pelo seu próprio MPLA.

Luísa Damião é uma das meninas dos olhos de João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente do MPLA e da República de Angola, e, a estrela ascendente do partido dos camaradas.

Com uma carreira pouco visível, há quem, á aponte mesmo, como a próxima presidente do MPLA, caso se faça a separação de águas – MPLA é o MPLA e o Governo é o Governo. O candidato à presidente da República de Angola, não tem que ser, necessariamente, o presidente do partido.  Mas, para isso é necessário, que haja a revisão da Constituição.


Luísa Damião é a vice-presidente e secretária para a política de quadros do Bureau Político do MPLA – dupla função.

O MPLA tem que ficar á imagem de João Lourenço. Só existe, na medida em que existe João Lourenço. Entretanto, há quem defende que os partidos são todos muito cesaristas, assim como, uma grande personagem do partido dos camaradas faz lembrar que João Lourenço, até então, tem vindo a conseguir lançar um ser de figuras, não obstante, ainda não conseguirem falar por ele, ou seja, nada produtivas. Nas escolhas de João Lourenço, podem pressentir-se muitas simpatias. “Às vezes nota-se uma preferência afectiva, em relação a uns tantos (Sílvia Lutucuta, Manuel Tavares de Almeida, José Carvalho da Rocha, Pedro Sebastião, Ricardo Viegas D’ Abreu,  Carolina Cerqueira, Luís Fernandes, Ângela Bragança, Luísa Damião), criando desinteligências no seio dos militantes”, afirmou um membro do comitê central que prefere o anonimato. E acrescenta: “Há dirigentes com expectativas próprias, mas, com a noção de que isso pode conflitar, com o que está sendo apresentado, como interesse absoluto do MPLA, por isso, não se manifestam”.

Todavia, para equilibrar o cenário político no seio do MPLA, de acordo com as linhas definidas pelo João Lourenço, Luísa Damião, foi projectada e potencializada, em detrimento de outras figuras de proa. Respaldada pelo João Lourenço, presidente do MPLA, e com o apoio de novos quadros recém-ascendidos ao Comité Central e Bureau Político do MPLA, mas, muito ávidos de poder, Luísa Damião, vice-presidente, vem conseguindo destacar-se, nas articulações de bastidores no seio do MPLA. Na arrumação do MPLA, Luísa Damião, tem sido incansável na luta por mudanças, á favor de João Lourenço. O seu empenho, valeu-lhe o reconhecimento de uma grande franja no seio do MPLA e, pelos vistos, introduziu uma filha no Comité Central, um filho no Comité Provincial de Luanda e melhorou o humor.


De bem com a vida, apesar dos problemas de histórico político e não reconhecimento, pelos militantes tradicionais, Luísa Damião, vice-presidente do MPLA, está mais à vontade no partido dos camaradas. Tomou gosto! Um ano depois de tomar posse, á sombra de Boavida Neto, anterior Secretário-Geral do Partido, com a sua saída, também desapareceu. Com o apoio expressivo de João Lourenço, varreu o Boavida Neto e introduziu para o seu lugar, Paulo Pombolo, transformando-o, obviamente, num nulo “Yesman”, sem qualquer visibilidade. Porém, foi com a ascensão, em 1979, de José Eduardo dos Santos, no comando do M.P.L.A que se introduziu, novamente, a figura do secretário-geral e mais  tarde a figura do vice-presidente. O novo ciclo, de Secretários-Gerais, iniciou com Lopo Nascimento, passando por Marcolino Moco, João Lourenço, Dino Matross, Paulo Cassoma, Boavida Neto e agora Paulo Pombolo.

Quanto ao vice-presidente, iniciado um pouco mais tarde, com Pitra Neto; seguido por Roberto de Almeida – o rosto dos catetes, considerado de traidor pelos mesmos (por causa do eterno problema do legado de Neto); João Lourenço e presentemente Luisa Damião.

Ora vejamos, o que nos diz o Estatuto do MPLA, quanto as competências do Secretário-Geral. As competências são muitas e faz dele o gestor absoluto do partido, coordenador do secretariado do Bureau Político, com uma linha directa com o presidente do Partido. Todavia, alguns enxertos sobre as suas competências:

1.     O Secretário-Geral é o órgão individual, executivo permanente do Partido, a quem incumbe dirigir a organização e a gestão administrativa do Secretariado do Bureau Político, a política financeira e a gestão dos recursos humanos do Partido, de acordo com a orientação definida superiormente.

2.      O Secretário-Geral é eleito pelo Comité Central, de entre os seus membros, pelo sistema maioritário.

Está tudo muito confuso e atrapalhado! Perante este facto concreto de nulidade do Secretário-Geral, a vice-presidente, sorrateiramente, apoderou-se de tudo e de todas as responsabilidades do Secretário-Geral.  
   
A situação política ficou muito mais fácil para Luísa Damião, no controlo do MPLA. Apenas um senão, não conseguiu introduzir o seu pivô a frente dos destinos do Comité Nacional da JMPLA. Ficou mesmo a tutelar o Comité Nacional da JMPLA, Crispiniano Vivaldino Evaristo dos Santos, candidato do Cunene, apoiado por forças bem esclarecidas no seio da JMPLA. Entretanto, continua a fortalecer a sua relação com o presidente do partido. Luísa Damião, com um bocado mais de jeito, vai acabar, na prática, por substituir João Lourenço, na liderança do MPLA. Pois, João Lourenço, está envolvido numa confusão mental, política, sócio-económica e governamental tão grande que, vai certamente, permitir ser ofuscado pela sua vice, um processo perfeitamente normal se tivemos em conta, os factos e os dossiês truculentos, que o próprio tem em mãos.

Com o devido respeito e consideração à jornalista de primeira água, ela tem lábia de guerrilheira!



ADEUS, RUI MANUEL TRINDADE JORDÃO


ADEUS, RUI MANUEL TRINDADE JORDÃO


O melhor Jogador angolano de todos os tempos no mundo colonial português e não só
Um angolano patriota a 100%. Morreu completamente desiludido com o seu país.

Benguela vai fazer o seu tributo





Não sou jornalista e mal sei escrever um artigo, mas não podia deixar de traçar umas linhas em homenagem a uma pessoa na qual nutro um grande respeito e me inspirei em termos de desporto mais propriamente no futebol tendo sido um dos meus ídolos.  O meu sonho era chegar ao futebol profissional em Portugal trilhando o caminho de Rui Jordão, pois que sonhar não é pecado.

Tanto é assim que eu antes de ter ido viver para o Bié eu estava inscrito e treinava na equipa de juvenis do Sporting Clube de Benguela sob a direção de Teco Moreira em 1970, na posição de médio esquerdo, quando o Rui e companheiros partiram para o futebol profissional. Vi o meu sonho ir abaixo quando me mudei para o Bié, quando lá cheguei não havia campeonatos na categoria de juvenis e muito menos de juniores.

a)          VIDA E OBRA – Algumas considerações.


De seu nome próprio Rui Manuel Trindade Jordão e para os mais chegados e de Benguela, “Rui Pera”.  As pessoas por vezes não se dão conta o quanto os seus feitos influenciam ou influenciaram, inspirando outras pessoas ou mesmo até gerações.  Eu não sei se Rui Jordão algum dia em vida chegou a pensar nisso.  Digo isso porque éramos todos miúdos e jogávamos nos areais dos bairros Benfica, Chingoma, Fronteira, Kamunda, Jingolote onde nasceu o finado Pepino (RIP), no campo da Missão Católica da Nazaré, no campo do Kateque ali próximo do mercado do Kassoco, etc. Ao sabermos que Rui Jordão partiu para Portugal em 1970 e aos 17 anos de idade, todos nos queríamos jogar como ele, imitávamos a maneira de ele estar em campo, fintar e rematar como ele.  Rui não partiu sozinho para o Sport Lisboa Benfica, mas sim com outros dois companheiros de equipa, Alfredo Ranque Franque e Soares. Enquanto Alfredo e Rui estudaram na Escola Industrial e Comercial de Benguela onde concluíram os cursos industriais, Soares era do Liceu tendo uma passagem pelo Colégio Nuno Álvares do senhor Barbosa ali para os lados do ex-bar Ferreira.

Havia naquela cidade uma forma de viver e conviver entre as pessoas o espírito de irmandade e proximidade e familiaridade tal, que mesmo sem lidarem no dia-dia, mas as pessoas conheciam-se umas as outras.  Foi assim que conheci Rui Jordão na altura ele tinha ido a nossa casa, ali no bairro Benfica, ter com o meu irmão mais velho, porque um grupo de jovens amigos havia sido convidado para um almoço confraternização de jovens no “Bessa”, ou melhor, dito na Kamunda e a concentração do grupo era la’ em nossa casa.  Ele ainda pegou no violão e tentou sacar algum som através de alguns acordes que parecia conhecer. Agora entendo que ele tinha uma inclinação para as artes, tendo depois do futebol licenciando-se em Belas Artes.  Rui Jordão foi um dos expoentes máximos do futebol angolano em Portugal do qual Benguela se orgulha e agradece pelo facto de ter levado o nome da nossa cidade pelos quatro cantos desse planeta.  Quem diria que aquele jovem que víamos a jogar no campo do Portugal de Benguela ou nas quadras do Sporting de Benguela ou dos campos de jogos Freddy Vaz do ex-Benfica de Benguela, futebol de salão fosse chegar aonde chegou e encher os desportistas de Benguela e não só, de orgulho.

A custa dele tive direito a honras quando fui viver para o Bié, ex-Silva Porto, onde os meus amigos quando souberam que eu era de Benguela, a primeira pergunta era se eu conhecia ou não Rui Jordão.  Quando me mudei para Malanje foi a mesma coisa, embora não com tanta curiosidade como os bienos.  Falar dessa grande figura do desporto angolano e português numa hora como esta até me faltam as palavras.  Eu fui um grande fã dele e ele foi o meu ídolo em termos de futebol eu era do Benfica inicialmente por causa do Eusébio com ida do Jordão tornei-me benfiquista ao quadrado, mas quando ele foi para o Sporting passei para o Sporting, tenho que confessar muito honestamente.   Quando ele deixou o Sporting deixei de ter clube no futebol português.

B)-ALGUMAS LEMBRANCAS.

Em Benguela era norma os atletas federados no defeso dos seus campeonatos distritais, para não ficarem parados jogarem nas equipas dos bairros.  É assim que Rui jogou pelo Bangú, uma equipa formada por jovens dos bairros Benfica, Kassoco e Fronteira essencialmente. O célebre jogo em que o Bangú venceu por 10-0 a uma equipa do Kasseque, onde Jordão e Pedro Lumas/Kaindice” que jogou no ARA da Gabela/Académica do Lobito, partiram a “loiça” toda.  Era uma dupla temível de jogadores velozes e com um poder de remate fora do vulgar.  O Rui esteve na mira do Ara da Gabela se não fosse para Portugal provavelmente teria ido para Gabela. A julgar pelo os emissários ou olheiros daquele clube do Amboim que de propósito vieram a Benguela para observar o Rui.

E os torneios quadrangulares da Mocidade Portuguesa em futebol de onze entre O Liceu, Escola Industrial, Ciclo Preparatório e Colégio Nuno Álvares.  A Escola Industrial com a sua “coquelucheRui Jordão, Correia (guarda-redes), amigo e companheiro de equipa no Sporting de Benguela e tantos outros.

E a motorizada de marca Fabimor quando ela passava pelo Bairro Benfica com a régua T e a prancheta para ir para aulas na Escola Industrial de Benguela, lembra-me como se fosse hoje ele a passar frente à casa da irmã “pula” do mais velho António Kanhanga muito amigo do tio Higino.
As tardes depois das aulas no Palanca bar jogando matraquilhos com os filhos do senhor Vidal. Até nos matraquilhos ele jogava bem.

O jogo contra a Juventude Huilana no campo do Portugal em que o treinador do Sporting de Benguela, o Martinez, tal como no Huambo trocou a camisola do Rui para confundir o adversário.  Eles não conheciam o atleta, mas sabiam que ele usava a camisola número X.  Então o treinador mudou-lhe de camisola com outro número diferente.  O adversário marcou jogador errado.  Quando se deram conta disso já o Rui tinha marcado uns tantos golos. Quando descobriram era tarde.

As farras no salão do senhor Luís “Marreco” na Fronteira junto a linha férrea do CFB?  E algumas organizadas pela malta Tuku, com Nando Honorato (RIP), Pinga (RIP), Nino Ezequias, João Moreira (RIP), José Brandão, Xico “Montenegro”, Pinguínha e tantos outros.

Lembro-me do jogo de despedida deles (Rui e o Alfredo) no campo da Missão Católica da Nossa Senhora da Nazaré com os amigos mais próximos e colegas de equipa tais como Arão, Valongo, Luís SantosKananga” e tantos outros que não me lembro neste momento…

Quando o Malta da Silva veio de férias a Benguela e dá aquela célebre entrevista ao semanário Sul, onde ele afirmara, Shéu é bom, mas Jordão é “craque” o que significa muito bom.

A Mini Copa do Brasil, onde num dos jogos a caminho do estádio Maracanã e já no autocarro, deram conta que o Rui tinha esquecido as chuteiras no hotel.

E aquele golo que calou o Parque dos Príncipes? “La solitude de Jordão” diziam os críticos franceses numa crónica numa revista dedicada ao desporto, porque Portugal jogou num sistema de 4-5-1 deixando Jordão como ponta de lança lá a frente e sozinho.

Estas são algumas das recordações que devo enumerar da mocidade desta grande figura que para muito de nós jovens dos bairros periféricos de Benguela naquele tempo, serviu de modelo e influenciou muito de nós nas nossas carreiras desportivas e até mesmo académica. Estava eu a tomar o pequeno almoço quando ligo a Radio 5 e deparei-me com a notícia do infausto acontecimento, confesso que não quis acreditar o que tinha acabado de ouvir. Fui a correr para a sala, liguei o televisor e para confirmar a notícia através da RTP. Só tive que me conformar com a triste noticia.

Adeus nosso kota, nosso ídolo do Sporting de Benguela e do Bangú e que encheu de orgulho a todos os benguelenses em particular e angolanos em geral.  Fostes acima de tudo uma referência com a devida vénia.

Rui que a tua alma descanse em paz, e para família Jordão as minhas mais sentidas condolências em meu nome pessoal e da minha família.

Por: Sacramento Neto (Janito)

Memorial: Maria Máxima Boavida - Mãe Guerreira (1929 – 1993)


Memorial: Maria Máxima Boavida

Mãe Guerreira (1929 – 1993)





Maria Máxima Boavida nasceu em Benguela aos 10 de Outubro de 1929. É filha mais velha de Dom Álvaro Manuel Boavida, descendente do Rei do Reino do Congo – Capital N’Banza Congo (S. António do Zaire) e de Maria Delfina de Assis Machado, pertencente a uma das maiores famílias tradicionais de Luanda.

Maria Máxima Boavida teve 14 irmãos (João, Faustina, Álvaro Manuel Boavida Jr – o grande intelectual da família, Josefa, Pedro, Conceição, Lourdes, Domingas, Antónia, Fernando, José Miguel, Carlos, Regina e Manuel Laurindo), na sua maioria, falecidos. Estão vivos quatro irmãos: Josefa Boavida, Pedro Morgado Boavida, Lourdes Boavida e Carlos Boavida.     

Em 1968, a prisão pela P.I.D.E. (polícia política colonial portuguesa), de Domingos António Rasgado, seu marido, encontrou-a já com dez filhos e mais dois (Júlio Rasgado e Eugénia Rasgado), perfazendo um total de 12 filhos. 

De um universo de quase cinquenta acusados de actividades clandestinas e subversivas, apenas Domingos António Rasgado permaneceu preso e barbaramente torturado. O móbil das prisões foi “O teu dia chegará”, uma palavra de ordem que funcionava como código para todos os envolvidos no processo de luta clandestina contra o colonialismo português.  Tempos depois, como consequência das torturas, apanhou (na cadeia) uma trombose. Como era hábito da P.I.D.E. não permitir que os presos morressem nas suas cadeias, foi posto em liberdade. Já em liberdade, voltou a apanhar a segunda trombose, acabando assim, por morrer em 1972.

No espaço que vai entre a saída da cadeia até a morte, Domingos António Rasgado, ainda conseguiu, com Maria Máxima Boavida, fazer mais duas filhas (Lourdes Rasgado e Fátima Rasgado), perfazendo um total de 14 filhos internos. Porém, Domingos António Rasgado teve, no calor da luta, mais três filhos (Cecília Rasgado, Osvaldo Rasgado e Helder Rasgado). Domingos António Rasgado nasceu em Benguela, filho de Francisco Rasgado, natural de Luanda e de Anacleta de Oliveira Filipe Amado (mista),  igualmente luandense, morreu no dia 10 de Março de 1972 com 45 anos, deixando um total de 17 filhos. Todavia, os anos que procederam à doença e subsequentemente a morte de Domingos António Rasgado, foram de muitos sacrifícios. Maria Máxima Boavida, entregue a sua sorte, com a maior parte dos filhos a estudarem, contou apenas com o apoio incondicional dos filhos mais velhos, nomeadamente Luís Rasgado, Álvaro Rasgado, Aníbal Rasgado e Júlio Rasgado. Foram tempos muito difíceis. No entanto, é de salientar que a Família Rasgado é a única família em Benguela, se não mesmo em Angola, que teve no tempo colonial quatro irmãos no exército português: Luís Rasgado - furriel miliciano desenhador QG; Álvaro Rasgado - furriel miliciano vagmestre (logístico); Aníbal Rasgado - furriel miliciano enfermeiro; Júlio Rasgado - furriel miliciano comando.    

Já com a vida e a família melhor equilibrada e orientada, todos com formações desejadas, surgiu o 25 de Abril de 1974 que deu origem a independência de Angola. Com a independência proclamada, unilateralmente pelo MPLA em 11 de Novembro de 1975, dois filhos foram presos, acusados de crimes de consciência (Júlio Rasgado e Francisco Rasgado). Um ano depois, aconteceu o 27 de Maio de 1977, resultante da luta pelo poder no seio do MPLA. Instalou-se uma grande onda de prisões e mais três filhos, incluindo a própria mãe Maria Máxima Boavida, foram presos pela D.I.S.A - polícia política do MPLA, semelhante a P.I.D.E. colonial portuguesa. Porém, com muito mais instinto de malvadez e sanguinária.

Maria Máxima Boavida e o filho Jesus Rasgado estiveram presos apenas algumas horas e de seguida libertos.

Na sequência das prisões, Álvaro Rasgado e Aníbal Rasgado, sem defesa, foram barbaramente assassinados pelo poder político angolano instituído e liderado pelo Dr. António Agostinho Neto.    

Este processo, denominado de 27 de Maio, culminou com um grande genocídio - a grande mancha da revolução angolana.

Maria Máxima Boavida viveu todo este processo de sofrimento diário e constante, com muita dor e revolta, mas sem nunca vergar a cabeça, sustentada por uma alegria e um sorriso permanente no seu rosto. 

Durante este período, Maria Máxima Boavida mereceu o total apoio dos filhos, que se encontravam em liberdade, nomeadamente, Anacleta Rasgado, que se assenhoreou da liderança da família e mais tarde, Júlio Rasgado, após a sua saída, juntou-se também a gestão da família.

Em 1980 o último membro da família (Francisco Rasgado) é libertado dos calabouços do MPLA. No entanto, com a vida da família normalizada, quando de repente, em 1990, surgiu o fim da guerra entre os dois beligerantes (MPLA e UNITA) e a abolição do regime de Partido Único, rumo às eleições, em 1992, com a participação de todos os opositores ao MPLA. A fraude eleitoral criada pelo MPLA foi tão gritante que fez instalar, novamente, um clima de tensão tão medonho que culminou com o recomeço da guerra fratricida. Anacleta Rasgado, a filha mais velha, surpreendentemente é presa. Depois de muitos corredores efectuados foi solta e desgostosamente, decidiu viver inicialmente em Portugal e depois Londres – Reino Unido, onde está a residir até os dias de hoje.

Maria Máxima Boavida, por tudo que passou e mais esta prisão de sua filha, a tensão arterial debilitada não resistiu e, em 22 de Agosto de 1993, morreu. Em 1996, o seu filho Júlio Rasgado foi traiçoeiramente assassinado, na Maianga – Luanda, por homens de baixa visibilidade. 
   
Maria Máxima Boavida define-se como invulgarmente polida e educada, mas, determinada e firme. Era uma mulher capaz de ter sentimentos de maior ternura e compaixão.

Um exemplo de vida! Carinhosa, esperançosa, disparatada, suportando sem resignação as mortes dos filhos e as doenças que a afectaram, solidária com os mais desprotegidos e com as suas amigas e amigos e considerando a família o seu maior tesouro.

Francisco Rasgado / Chico Babalada                            
Jornal ChelaPress

SERÁ QUE O GANHO ESTÁ NA COMPRA? - SÍLVIA LUTUCUTA DECLARA GUERRA AS EMPRESAS PRIVADAS ANGOLANAS


SERÁ QUE O GANHO ESTÁ NA COMPRA?

SÍLVIA LUTUCUTA DECLARA GUERRA AS EMPRESAS PRIVADAS ANGOLANAS


O meu amigo Ernesto Cabinda morreu, em Benguela, por falta de T.A.C.! O Hospital Geral de Benguela não tem T.A.C., assim como, o Hospital Geral do Lobito, para a avaliação das dimensões dos A.V.Cs. e outras doenças e respectivos diagnósticos das mesmas. Todos os T.A.Cs, nuns dois municípios, estão há anos avariados.

A ausência deste equipamento crucial tem determinado a morte de centenas de pessoas, sobretudo agora, que a qualidade de vida tem vindo, alarmantemente, a diminuir. As mentiras a volta dos centros de hemodiálises, propalados com ironia pela ministra da saúde, é outro problema em Angola.

O alerta é claro. O marasmo pode também tomar conta das clínicas e centros de hemodiálises espalhados, um pouco por toda Angola.


Ora vejamos: Angola dispõe, no hospital geral do Lubango – Huíla, de um Centro de Hemodiálises, construído com fundos públicos (financiamento do Estado angolano), propriedade ou gestão da SOCIFARMA. Este mesmo empreendimento foi inaugurado por João Lourenço, Presidente da República de Angola como se de uma obra pública se tratasse. Que grande jogada!!!

No Móxico, durante a visita de João Lourenço, a Drª. Sílvia Lutucuta, ministra da saúde inaugurou um “mini centro de hemodiálise no Hospital Geral do Moxico. Nos mesmos moldes do Lubango, onde existem, supostamente, interesses com a ACAIL, uma empresa estrangeira que se instalou em Angola como vendedora de ferro e mais tarde vendedora de equipamentos hospitalares e medicamentos.

O Ministério da Saúde está a instalar no Hospital Geral de Luanda um centro de hemodiálises com a ACAIL. No entanto, importa salientar, que a ministra da saúde está apostada à potencializar a ACAIL, uma empresa não especializada na área da hemodiálise que apenas existe no mercado como vendedora de kits de hemodiálises. Como prova da afirmação feita, a ACAIL, agora é a gestora dos centros de hemodiálises do Ministério da Saúde. A ACAIL não paga salários porque os quadros são funcionários públicos, não paga os reagentes e outros acessórios necessários para a operação das hemodiálises, não faz formação dos quadros, não paga água, não paga luz etc, etc. Pois, assim, é muito fácil e generoso de mais! São muitas coisas recebidas de bandeja.

Entretanto, o Ministério da Saúde, em cumplicidade com a DSS-FAA (Direcção de Serviços de Saúde das Forças Armadas Angolanas) e a ACAIL, está de assalto à hemodiálise em Cabinda, quando na verdade, a província, não tem. Porém, há muito que está em construção uma unidade privada, faltando apenas, 20% para a sua conclusão total. Todavia, tem sido voz corrente, uma orientação de João Lourenço, integrada no combate contra a corrupção e os monopólios. Contrariando este discurso do Presidente da República, a Ministra Sílvia Lutucuta tem vindo a incentivar a criação de monopólios, em detrimento do empresariado nacional, ou seja, “enriquecer o estrangeiro e empobrecer o nacional”, quando a palavra de ordem é: “Menos Estado e mais privado nacional”.
   
A ACAIL, a empresa referenciada no quinto parágrafo, é indiscutivelmente a ponta de lança da perspectiva comercial de Sílvia Lutucuta, Ministra da Saúde.

Existe um centro de hemodiálises no hospital Josina Machel, Hospital do Prenda, e no Hospital Geral do Huambo,  todos eles propriedade do Estado, mas, geridos por uma empresa privada – CRA & DLA (Carlos Alberto, ex ministro das finanças, assessor do João Lourenço, e actual presidente do fundo soberano de Angola e irmãs). Outrossim, na esfera privada temos um Centro de Hemodiálises, no Américo Boavida propriedade da PLURIBUSAFRICA.

Na província de Benguela, temos duas clínicas de hemodiálises: sendo uma no Hospital Geral do Lobito e outra no Hospital municipal de Benguela - ambas ligadas ao Instituto Angolano do Rim. No entanto, em Cabinda está em construção, uma terceira clínica de hemodiálises, ligada ao mesmo Instituto. E por último, em Malanje, no Hospital Geral de Malanje, outro centro de hemodiálises propriedade da NEFROANGOLA.  Todavia, importa salientar, que a CECOMA – Central de Compras do Ministério da Saúde - junto ao Hospital Sanatório está completamente cheio de medicamentos indianos, que é um entendimento entre a HEMO-ANGOLA e a ELNOR.

Passado anos, a “ditadura da saúde” prossegue. Porque João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente da República, promove isso?  Sem dúvida. Mas esta adoração pela figura de Sílvia Lutucuta, ministra da saúde, que não tem paralelo em nenhum outro país, é uma curiosa herança de José Eduardo dos Santos – e um atestado de menoridade e até de mediocridade que as lideranças políticas passam a si próprias. Elas saberão porquê.

Drª. Sílvia Lutucuta apresenta-se como salvadora de João Lourenço e do país, mas, na verdade está muito mais preocupada com a sua visibilidade, ludibriar e denegrir a imagem do presidente e do país com mentiras hilariantes.

A grande importação de milhares e milhares de dólares americanos, efectuada pelo Ministério, durante o consulado de Zeca Van-Dunem à uma empresa angolana, que por sua vez, estabeleceu ponte com à  G.E. – General Electric, empresa americana, de equipamentos hospitalares, a Drª Sílvia Lutucuta fez questão de não utilizar, ignorar, mantendo grande parte dos mesmos encaixotados e a estragarem-se. A Drª Sílvia Lutucuta, actual ministra da Saúde, optou por importar novos equipamentos hospitalares, senão os mesmos, à SIEMENS, empresa de origem alemã, na sequência de um contacto que teve nos EUA com a chancelaria alemã.

Sílvia Lutucuta, considerada pelos profissionais da classe como especialista na arte de fazer acordos pouco claros – inclusive em empreendimentos (negócios) custeados com recursos públicos. Até tem transito livre na presidência e goza de um privilégio sonegado à maioria dos ministros. E essa aproximação excepcional com João Lourenço credenciou-a” a realizar algumas missões “subterrânicas” importantes. A ser verdade que a ministra criou entendimentos com empresas de construção civil e obras públicas, de serviços hospitalares e de medicamentos, nomeadamente a OMATAPALO (maior empresa de construção civil e obras públicas de Angola, com qualidade comprovada) e a empresa ACAIL para disputarem o “leilão” de construção de Hospitais, de centros de hemodiálises e transação de medicamentos, muitas delas desnecessárias, mas sim, potenciar as empresas angolanas existentes. Não é só, formar entendimentos, mas, também integrar no universo da Saúde todos os actores, correspondendo assim, o interesse maior da Nação.

A saúde é a Sílvia Lutucuta que nas suas deslocações as províncias não admite que os seus representantes provinciais se pronunciem sobre o estado real da saúde e suas implicações em Angola. Os seus secretários de Estado estão todos completamente anulados. Não têm a palavra!

Porém, se transformou num problema constrangedor.

O negócio desavisado, só é bom se for com o branco… O negro fala! – Opinião de alguns governantes do MPLA.

Eis a razão pela qual todos fazem recursos aos estrangeiros para grandes jogadas.


Francisco Rasgado / Chico Babalada
Jornal ChelaPress